Gaza

86 crianças palestinas foram mortas desde Janeiro nos Territórios Palestinos Ocupados, fazendo de 2021 o ano mais mortífero de que há registo para as crianças palestinas desde 2014, revela um relatório da Defense for Children International – Palestine.

As forças israelitas mataram 76 crianças palestinas, incluindo 61 na Faixa de Gaza e 15 na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental. Civis israelitas armados mataram duas crianças palestinas na Cisjordânia. Sete crianças palestinas foram mortas por foguetes disparados incorrectamente por grupos armados palestinos na Faixa de Gaza, e uma criança palestina foi morta por um engenho explosivo não inactivado, cujas origens não puderam ser determinadas.

A Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou ontem que «a situação dos direitos humanos nos Territórios Palestinos Ocupados (TPO) pode actualmente ser caracterizada como desastrosa, com graves violações dos direitos inalienáveis de mais de 4 milhões de pessoas».

«Isto também tem claramente um impacte prejudicial nas perspectivas de paz e desenvolvimento sustentável para Israel, bem como para a região circundante», prosseguiu.

Michelle Bachelet falou numa reunião organizada pelo Comité das Nações Unidas para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino, em Genebra, que tinha como ponto único de agenda a situação dos direitos humanos nos TPO.

Israel anunciou hoje a conclusão de um novo Muro cercando a Faixa de Gaza e que se prolonga pelo mar. O Muro inclui centenas de câmaras, radares e outros sensores e tem uma extensão de 65 km e uma altura de 6 metros de altura acima do solo. Tem também uma parte subterrânea cuja profundidade não foi revelada.

O Muro tem uma extensão marítima com meios para detectar infiltrações por mar e um sistema de armas controladas à distância. Levou três anos e meio a concluir, custou mil milhões de euros e nele foram aplicadas 140 000 toneladas de ferro e aço.

O Ministro da Defesa israelita, Benny Gantz, disse que esta barreira é « um projecto criativo e tecnológico de primeira ordem, nega ao Hamas uma das capacidades que tentou desenvolver e coloca um muro de ferro, sensores e betão entre ele e os habitantes do sul.».

O preso palestino Sami al-Amour, detido nas prisões israelitas há 13 anos, morreu ontem no que os grupos palestinos de direitos humanos consideram ser o resultado de negligência médica por parte das autoridades prisionais israelitas.

A Sociedade dos Presos Palestinos (SPP) disse num comunicado de imprensa que Sami al-Amour, de 39 anos, de Deir Al-Balah. na Faixa de Gaza, morreu ontem em resultado de negligência médica sistemática intencional enquanto se encontrava detido.

A SPP acrescentou que al-Amour foi detido em 2008 e condenado a 19 anos de prisão, durante os quais lhe foram negadas visitas familiares. Sofria de doença cardíaca congénita, mas a negligência médica deliberada israelita e as duras condições de detenção causaram uma grave deterioração da sua saúde.

Dezoito ambulâncias entraram ontem na Faixa de Gaza através do posto fronteiriço de Rafah, enquanto outras nove aguardam aprovação egípcia para atravessar a fronteira, constituindo no seu conjunto um dos maiores comboios humanitários de novas ambulâncias a romper o duro bloqueio de Gaza, que dura há 14 anos.

As 27 ambulâncias novas, totalmente equipadas, foram adquiridas graças ao patrocínio de organizações da sociedade civil de dezenas de países de todo o mundo e fazem parte de uma missão de solidariedade internacional para ajudar a reerguer os serviços de saúde do enclave sitiado, devastado pelo cerco de Israel e pelos recorrentes e brutais bombardeamentos.

O coordenador dos comboios de solidariedade Miles of Smiles, Dr. Essam Yousef, disse: «Em meu nome e no dos meus colegas dos comboios Miles of Smiles gostaria de estender a todos a nossa sincera gratidão pela solidariedade que têm dado ao nosso povo da Palestina».

O prolongado bloqueio israelita, pontuado por agressões militares periódicas, está a causar uma grave deterioração da segurança da água na Faixa de Gaza, onde 97% da água é não potável, causando o lento envenenamento dos residentes do enclave, denunciaram o Euromediterranean Human Rights Monitor (Euro-Med Monitor) e o Global Institute for Water, Environment and Health (GIWEH) numa declaração conjunta durante a 48ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU (UNHRC) realizada em Genebra.

Em 19 de Abril de 2021 o helicóptero Ingenuity da NASA fez o seu primeiro voo em Marte. Este feito histórico é o resultado de sete anos de trabalho árduo de uma equipa que inclui um engenheiro palestino que cresceu na Faixa de Gaza e estudou na escola da UNRWA.

«Loay Elbasyouni era um rapaz de 10 anos de idade que crescera na Faixa de Gaza sitiada quando construiu a sua primeira antena de televisão a partir de utensílios de cozinha e folha de alumínio. Mas ter a oportunidade de trabalhar para uma empresa que ajudou a NASA a desenvolver a primeira aeronave da história a fazer um voo a motor controlado noutro planeta, ia muito para além da sua jovem e fértil imaginação», escreve Holly Hinson na página da J. B. Speed School of Engineering (Universidade de Louisville, Kentucky), a faculdade onde Loay concluiu o seu mestrado em Engenharia Electrotécnica e de Computadores em 2005.

Uma mulher palestina construiu um centro de lazer utilizando sucata abandonada nas praias da Faixa de Gaza sujeita a bloqueio.

Hena Al-Gul é uma activista e empresária que quer aumentar a consciência social na sociedade palestina, salientando a importância dos recursos naturais e do ambiente.

O centro de lazer acolhe as pessoas com cadeiras feitas de pneus de automóveis, janelas que reciclam vidros de portas de máquinas de lavar roupa e tintas extraídas de tecidos e de fios.

«Há muito desperdício em Gaza», diz Hena à agência Anadolou, citada pelo Middle East Monitor, acrescentando que «é importante encontrar coisas que podem usadas com utilidade». «A limpeza da Faixa e das suas praias é de importância vital», acrescenta ela.

Um relatório do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) agora divulgado mostra que 80% da população de Gaza vive grande parte das suas vidas no escuro, com apenas 10-12 horas de electricidade por dia.

Esta questão torna-se ainda mais problemática durante o pico do Verão e representa uma ameaça para a saúde e a vida diária dos habitantes de Gaza, sendo a maioria da população incapaz de refrigerar alimentos e as estações de tratamento de águas residuais incapazes de funcionar.

De acordo com o estudo do CICV, a escassez crónica e prolongada de electricidade e os cortes de energia estão a ter um impacte psicológico nas pessoas, com 94% dos habitantes de Gaza inquiridos a relatarem que a sua saúde mental é afectada pela situação.

Segundo um relatório do OCHA (Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários), desde o início deste ano, as forças de ocupação israelitas mataram 50 palestinos, incluindo 11 crianças, na Cisjordânia ocupada.

Durante o mesmo período, na Cisjordânia ocupada, pelo menos 11 232 outros palestinos foram feridos incluindo 584 crianças.

A estes números há que somar os 260 mortos e 2200 feridos palestinos durante a agressão israelita contra Gaza em Maio passado.

O relatório cobre em detalhe o período entre 8 e 28 de Julho, no qual as forças de ocupação israelitas mataram quatro palestinos, incluindo duas crianças, e feriram 1090 outros, incluindo 141 crianças.

Um dos mais recentes pontos de atrito é o novo colonato ilegal israelita conhecido como Evyatar, localizado perto da aldeia de Beita, no distrito de Nablus, na Cisjordânia.

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