Cisjordânia

As forças de ocupação israelitas e os colonos cometeram 897 ataques contra palestinos, as suas propriedades e os seus locais sagrados durante o mês de Julho, de acordo com um relatório da Comissão de Resistência ao Muro e aos Colonatos divulgado pela agência noticiosa Wafa.

No seu relatório mensal sobre as violações da ocupação israelita, a Comissão afirmou que estes ataques variaram entre agredir directamente pessoas, vandalizar propriedades, arrasar terras, invadir aldeias, arrancar árvores e confiscar bens.

A maioria dos ataques registou-se na província de Jerusalém (148), seguida da província de Nablus (140) e da província de Hebron (113).

Segundo a Comissão, os colonos efectuaram 202 ataques em várias partes da Cisjordânia ocupada, mas principalmente nas províncias de Nablus (65), Ramala (35) e Hebron (28).

Um colono israelita queimou 20 colmeias pertencentes a um agricultor palestino, residente na aldeia de Zanuta, a sul da cidade de Hebron, no sul da Cisjordânia, causando-lhe um prejuízo avaliado em mais de 10 000 dólares.

Entretanto, na cidade de Battir, a oeste da cidade de Belém, as forças de ocupação israelitas destruíram e arrancaram dezenas de oliveiras.

Em ambos os casos, houve movimentações de colonos no sentido de estabelecer postos avançados precursores de novos colonatos ilegais.

Yousef al-Sharha, o proprietário das colmeias de Zanuta, disse à WAFA que o colono, que montou uma caravana e estabeleceu um posto avançado de colonização ao lado do seu apiário, queimou e destruiu totalmente 20 colmeias das 50 que possui, agora que estamos no início da época de colheita do mel.

Carlos Almeida, historiador e vice-presidente do MPPM, participou num podcast do Expresso da série «O Mundo a Seus Pés» dedicado à análise da mais recente agressão israelita contra Jenin e o seu campo de refugiados.

Conduzido pela jornalista Ana França, o programa contou também com a participação de Joana Ricarte, investigadora do Instituto Jurídico da Faculdade de Direito de Universidade de Coimbra e professora na Universidade da Beira Interior.

A relevância do tema está expressa no título do podcast — «Dois dias de violência como não se via há 20 anos» — que adopta como subtítulo uma frase de Joana Ricarte: «Jenin é uma representação física da Nakba, a grande tragédia palestina».

O brutal assalto de Israel ao campo de refugiados de Jenin nos dias 3 e 4 de Julho de 2023 já provocou a morte de 12 pessoas, ferimentos em mais de uma centena e o desalojamento forçado de cerca de 3000 residentes, além da destruição em larga escala num dos campos de refugiados com maiores taxas de pobreza e desemprego.

A violência militar israelita, envolvendo cerca de mil soldados e meios aéreos, não poupou os hospitais, locais de culto, a sede do grupo de teatro Freedom Theatre, e ficou novamente marcada pelo ataque propositado a jornalistas em serviço, num esforço para esconder a brutalidade das operações israelitas.

O assalto a Jenin não é um acto isolado. Insere-se numa criminosa vaga repressiva que, dando continuidade à permanente política de repressão israelita contra o povo palestino, conhece uma escalada de grandes proporções desde a tomada de posse do novo governo de Netanyahu.

As forças armadas israelitas lançaram, na madrugada desta segunda-feira, uma operação em grande escala contra o campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, envolvendo meios aéreos e terrestres, matando pelo menos oito palestinos e ferindo mais de cinco dezenas, estando alguns em estado crítico.

Walid al-Omari, chefe do escritório de Jerusalém da Al Jazeera, confirmou que cerca de 150 veículos blindados e cerca de 1000 soldados das forças especiais de elite e do exército, bem como dos serviços secretos, da polícia e da polícia de fronteira estavam a participar na operação, impondo um cerco total ao campo, enquanto as forças especiais operavam no interior do campo, invadindo casas, revistando-as e prendendo muitas pessoas.

Antecedendo a invasão terrestre, Israel lançou mais de uma dezena de ataques aéreos contra Jenin durante a noite desta segunda-feira, causando a morte a três palestinos e provocando grande destruição em edifícios.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Austrália, do Canadá e do Reino Unido emitiram hoje uma declaração conjunta onde se afirmam «profundamente preocupados com os recentes acontecimentos em Israel e na Cisjordânia, que reduzem ainda mais as perspectivas de paz.»

Uma investigação da Universidade de Nova Iorque, citada pelo diário israelita Haaretz, revela como o exército de Israel não hesitou em recorrer ao envenenamento de culturas e animais para expulsar os proprietários palestinos e se apossar das suas terras para construção de colonatos.

A investigação foi conduzida pelo Taub Center for Israel Studies da Universidade de Nova Iorque, que teve acesso a documentos de arquivo, entretanto tornados públicos.

O método utilizado para a instalação de colonatos nos primeiros anos da expansão colonial é descrito em detalhe.

Continuando a desafiar impunemente a legalidade internacional, o governo de extrema-direita de Israel aprovou hoje planos para a construção de 5623 novas unidades habitacionais para colonos na Cisjordânia ocupada.

A comissão de planeamento do Ministério da Defesa, que supervisiona a construção dos colonatos, aprovou nesta segunda-feira milhares de novas habitações nos colonatos. A aprovação inclui o depósito de planos para a construção de 4291 novas unidades, o que constitui uma fase avançada antes da abertura de concursos para a implementação de projectos de construção. Inclui também a apresentação de 1332 planos de construção para aprovação após a realização de uma sessão para ouvir objecções, antes da aprovação final e da preparação dos concursos.

Colonatos são «um valor nacional»

Depois do pogrom de quarta-feira contra Turmus’ayya, pelo terceiro dia consecutivo, os colonos israelitas, seguros da sua impunidade e contando com a protecção do exército, intensificaram os seus ataques a localidades palestinas, na Cisjordânia ocupada.

Este é um resumo das ocorrências dos últimos dias relatadas pela agência noticiosa Wafa.

Na madrugada desta sexta-feira, um palestino foi ferido a tiro e dezenas de outros sufocaram quando colonos israelitas tentaram invadir Deir Dibwan, a leste da cidade ocupada de Ramala. Os jovens locais enfrentaram-nos, obrigando-os a recuar, mas alvejados pelas tropas israelitas que atingiram um deles com um tiro no peito e provocaram a asfixia de dezenas de outros.

Na tarde desta quarta-feira, quatro centenas de colonos israelitas, muitos deles armados, atacaram a cidade palestina de Turmus’ayya, a nordeste de Ramala, incendiando casas, lojas, veículos, campos e oliveiras, enquanto os residentes tentavam defendê-la. Um homem palestino de 27 anos, Omar Qatin, foi morto e muitas outras pessoas ficaram feridas nos ataques.

Os colonos, oriundos do colonato ilegal de Shilo, estabelecido em terras usurpadas a Turmus’ayya, foram protegidos por soldados israelitas que dispararam tiros e gás lacrimogéneo contra os habitantes, causando dezenas de casos de asfixia.

Lafi Adeeb, o presidente do município confirmou que cerca de 30 casas e 60 viaturas foram queimados no ataque dos colonos. De acordo com Adeeb, mais de 100 palestinos ficaram feridos, incluindo 12 por balas reais.

Os ataques também arruinaram terras e culturas agrícolas. Uma ambulância que chegou ao local para evacuar os feridos foi incendiada pelos colonos.

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