Israel aprova construção de milhares de novas unidades para colonos na Cisjordânia

Continuando a desafiar impunemente a legalidade internacional, o governo de extrema-direita de Israel aprovou hoje planos para a construção de 5623 novas unidades habitacionais para colonos na Cisjordânia ocupada.

A comissão de planeamento do Ministério da Defesa, que supervisiona a construção dos colonatos, aprovou nesta segunda-feira milhares de novas habitações nos colonatos. A aprovação inclui o depósito de planos para a construção de 4291 novas unidades, o que constitui uma fase avançada antes da abertura de concursos para a implementação de projectos de construção. Inclui também a apresentação de 1332 planos de construção para aprovação após a realização de uma sessão para ouvir objecções, antes da aprovação final e da preparação dos concursos.

Colonatos são «um valor nacional»

A Lei do Estado-Nação de Israel estabelece: «O Estado considera o desenvolvimento do povoamento judaico como um valor nacional e actuará no sentido de encorajar e promover o seu estabelecimento e consolidação.»

O governo de Netanyahu, dominado por políticos religiosos e ultranacionalistas com laços estreitos com o movimento dos colonatos, fez da expansão dos colonatos a sua principal prioridade desde que tomou posse no final de Dezembro. O Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que tem autoridade ao nível do governo sobre as políticas de colonização, prometeu duplicar a população de colonos na Cisjordânia ocupada.

Imran Khan, jornalista da Al Jazeera, considera que a decisão de hoje foi uma grande vitória para Bezalel Smotrich.

«Normalmente, para aprovar a expansão dos colonatos, há seis fases. Elas incluem considerações de segurança, quem vai construir o colonato e considerações políticas. Em cada uma dessas fases, os deputados e a comunidade internacional podem manifestar as suas preocupações e, muitas vezes, o processo é abrandado», disse Khan. «Mas, na semana passada, o Governo simplificou completamente o processo e entregou o controlo quase total a Bezalel Smotrich. Ele exerceu esse controlo hoje».

A solução de dois Estados cada vez mais distante

Segundo os meios de comunicação social israelitas, foram aprovadas 1000 novas unidades habitacionais para colonos para serem construídas no colonato de Eli, a sul de Nablus.

O colonato de Eli faz parte de um bloco que atravessa o centro da Cisjordânia, alcançando as encostas sobranceiras ao Vale do Jordão e que inclui ainda os colonatos de Ariel, Rehelim, Ma'ale Levona e Shilo, e os postos avançados construídos à sua volta.

Imran Khan disse ainda que foi aprovada a construção de 900 novos edifícios no colonato ilegal de Giv'at Ze'ev.

Giv’at Ze’ev insere-se no que Israel chama o «corredor E1» que permitiria estabelecer uma continuidade territorial entre Jerusalém e Ma’ale Adumim, o maior dos colonatos israelitas ilegais na Cisjordânia ocupada, com 40 000 habitantes.

O plano de Israel é anexar a Jerusalém os colonatos adjacentes de Ma'ale Adumim, Giv’at Ze’ev, Beitar Illit e Gush Etzion, consolidando a «judaização» da cidade, isolando Jerusalém Oriental do restante território palestino e cortando a contiguidade territorial da Cisjordânia, separando de facto o Norte e o Sul.

Estados Unidos criticam

A administração do Presidente dos EUA, Joe Biden, tem vindo a criticar cada vez mais abertamente as políticas de colonização de Israel. No início deste mês, o Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken considerou os colonatos «um obstáculo ao horizonte de esperança que procuramos».

A comunicação social israelita anunciou, no domingo, que «a actual administração dos EUA decidiu interromper todas as formas de apoio financeiro a projectos científicos, técnicos e tecnológicos em colonatos israelitas na Cisjordânia».

Esta decisão é uma reversão da posição do ex-presidente Donald Trump, que legitimou as autoridades oficiais dos EUA a apoiar projectos nos colonatos e é considerada um retorno à visão americana de que os colonatos israelitas na Cisjordânia são ilegais, uma vez que a Cisjordânia é um território militarmente ocupado.

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