Vitória de Bilal Kayed, que terminou greve da fome de 71 dias

O preso palestino Bilal Kayed, que terminou uma greve da fome de 71 dias na quarta-feira, será libertado das prisões israelitas a 12 de Dezembro, anunciou na quinta-feira a Addameer, organização palestina de defesa dos direitos dos presos.
Na quarta-feira foi alcançado um acordo entre o advogado de Kayed, Mahmoud Hassan, e a acusação militar israelita, nos termos do qual ele será libertado em Dezembro, após concluir seis meses de detenção administrativa, deixará de estar em isolamento e poderá receber visitas da família.
A acusação israelita tinha inicialmente pretendido que Kayed fosse exilado de Israel e do território palestino ocupado durante quatro anos, mas acabou por recuar.
Kayed foi transferido para a unidade de cuidados intensivos do hospital após um agravamento da sua saúde na semana passada. Permanecerá internado no hospital até recuperar a saúde.
A FPLP (Frente Popular para a Libertação da Palestina), de que Kayed é membro, afirma num comunicado que se trata de «uma vitória do camarada Bilal Kayed e dos seus camaradas e do movimento dos presos, e uma significativa realização do povo palestino».
Na manhã de quinta-feira a FPLP organizou em em Gaza uma concentração de solidariedade com Bilal Kayed, em que, além de um dirigente da FPLP, usaram também da palavra representantes da Jihad Islâmica e da FDLP (Frente Democrática de Libertação da Palestina).
Também Issa Qaraqe, dirigente do Comité Palestino dos Assuntos dos Presos, afirmou que o acordo marcou uma «vitória» de Kayed sobre a detenção administrativa israelita e uma vitória de todos os palestinos.
Kayed entrou em greve da fome em 15 de Junho, em protesto contra o facto de as autoridades israelitas o terem condenado a seis meses de detenção administrativa — internamento sem julgamento nem culpa formada — no dia em que deveria ter sido libertado após cumprir uma pena de 14 anos e meio de prisão.
O caso de Bilal Kayed desencadeou uma onda de apoio entre os presos, dezenas dos quais realizaram greves da fome de solidariedade, e a população palestina em geral. Kayed foi também objecto de uma larga campanha de solidariedade internacional, com dezenas de acções e tomadas de posição em vários países.
Em Portugal, também o MPPM se associou a esta campanha, publicando em 12 de Julho o comunicado «Liberdade para Bilal Kayed e todos os presos palestinos!» em que denunciava a «tentativa de criar um precedente […] que é necessário contrariar desde já, antes que se transforme numa prática sistemática das forças de ocupação israelitas» e reclamava «a liberdade de Bilal Kayed e dos outros detidos administrativos; o fim da prática da detenção administrativa; a liberdade de todos os presos palestinos».
Outros presos palestinos em regime de detenção administrativa permanecem em greve da fome: Mahmoud e Muhammad Balboul, desde 1 e 4 de Julho, respectivamente; Ayyad Hreimi e Malik al-Qadi, desde 11 de Julho.
O regime de detenção administrativa, que Israel utiliza sistematicamente em violação de numerosas normas internacionais, permite às forças armadas israelitas manter os presos indefinidamente encarcerados com base em informações secretas, sem os acusar nem lhes permitir que que sejam julgados.
De acordo com a Addameer, em Julho de 2016 havia nas prisões israelitas 7000 presos palestinos, 750 dos quais em detenção administrativa.
 
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