Sobe o número de colonos israelitas: 450 000 na Cisjordânia, mais de 200 000 em Jerusalém Oriental

A população judaica que vive na Cisjordânia ocupada aumentou 3% em 2018, atingindo 448 672 pessoas, indicou na terça-feira a principal organização dos colonos israelitas. Essa organização, o Conselho das Comunidades Judaicas na Judeia e Samaria (nome dado pelos sionistas à Cisjordânia ocupada), afirma ter usado dados demográficos fornecidos pelo Ministério do Interior de Israel.

Relativamente a Jerusalém Oriental ocupada, um relatório do Conselho de Direitos Humanos da ONU refere que 210 000 colonos israelitas vivem em grandes blocos de colonatos, enquanto outros 2000 a 3000 vivem em pequenos enclaves no coração dos bairros palestinos.

Segundo a organização israelita Peace Now, que monitoriza a colonização israelita nos territórios ocupados, a actividade de construção nos colonatos deu um salto desde que, no início de 2017, tomou posse o novo presidente dos EUA, Donald Trump, grande aliado do governo de Benjamin Netanyahu. Desde então as autoridades israelitas aprovaram mais de 15 000 unidades habitacionais na Cisjordânia, ocupada há mais de 50 anos pelo exército israelita. A Peace Now informou que ainda em finais de Dezembro um comité do Ministério da Defesa de Israel (a organização israelita que administra a Cisjordânia ocupada) aprovou os planos de construção cerca de 2200 alojamentos em colonatos da Cisjordânia.

Por outro lado, em 31 de Dezembro passado a Peace Now deu a conhecer um plano do governo israelita para a criação do novo colonato de Givat Eitam, a sul de Belém. A cidade palestina ficaria deste modo cercada por colonatos israelitas e impedida de se expandir. «Trata-se de um plano conhecido pelo mundo diplomático e pela comunicação social como “E2”, o qual — tal como a tristemente célebre área “E1”, que cortaria a Cisjordânia ao meio se fosse colonizada — é considerado um plano que, se aplicado, poderia cortar ao meio a Cisjordânia meridional e destruir as hipóteses de uma solução de dois Estados», denuncia a organização.

A Peace Now contabiliza neste momento na Cisjordânia ocupada (excluindo Jerusalém Oriental) 132 colonatos que foram oficialmente criados pelo governo israelita. A estes somam-se 106 «postos avançados», que são colonatos criados sem aprovação oficial do governo isarelita e considerados ilegais à luz do direito israelita, mas que apesar disso beneficiam das infra-estruturas e da protecção militar do Estado sionista.

Os dois maiores colonatos da Cisjordânia ocupada — Modi'in Illit, a oeste de Ramala, com 72 944 habitantes, e Beitar Ilit, a sul de Jerusalém, com 58 774 habitantes — são habitados por uma grande maioria de judeus ultra-ortodoxos. Estes representam cerca de 10% do conjunto da população israelita, mas mais de um terço da população dos colonos israelitas na Cisjordânia ocupada.

Todos e cada um dos colonatos são ilegais à luz do direito internacional. A IV Convenção de Genebra proíbe a instalação de população da potência ocupante no território ocupado. A ilegalidade dos colonatos foi reafirmada pela resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, de 23 de Dezembro de 2016. 

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