«Situação catastrófica»: sete hospitais de Gaza, incluindo dois pediátricos, podem fechar por falta de electricidade

O Ministério da Saúde na Faixa de Gaza alertou hoje para um desastre humanitário e sanitário sem precedentes neste território palestino depois de sete hospitais, incluindo dois hospitais pediátricos, terem sido forçados a suspender serviços por causa da falta de electricidade.

Mohammed Salmiya, que é chefe do Hospital Infantil al-Rantisi, declarou numa conferência de imprensa: «Pela primeira vez desde que Israel impôs o bloqueio à Faixa de Gaza, já não conseguimos fazer esforços suplementares para fazer funcionar os geradores eléctricos durante mais horas. … Temos no hospital de Al-Rantisi um departamento de diálise de 24 horas e um departamento para doentes com cancro. O tempo agora está frio e há ventos fortes. Não podemos manter o aquecimento ou outros serviços relacionados quando a corrente eléctrica pára. Estamos em risco de perder muitas vidas. Estamos a enfrentar uma grande crise.»

Ashraf al-Qedra, porta-voz do Ministério da Saúde, afirmou por sua vez: «Estamos a falar de centenas de doentes, entre os quais 800 que sofrem de insuficiência renal e dezenas de crianças prematuras, mais de 250 cirurgias por dia e gravidezes de risco, incluindo 150 cesarianas»,

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza lançou um apelo a acções sérias no sentido de acabar com a crise e respeitar o direito dos doentes de Gaza a tratamentos adequados.

O Ministério da Saúde vem sofrendo crises crescentes em diferentes campos em resultado do bloqueio israelita, que dura há 12 anos, e das sanções impostas pelo governo da Autoridade Palestina desde há cerca de dois anos.

«Precisamos de 300 mil litros de gasóleo todos os meses para garantir que os nossos serviços de saúde funcionem», declarou Ashraf al-Qedra. O Ministério da Saúde tem até agora mantido os seus geradores a funcionar graças a doações internacionais, mas esses fundos estão a chegar ao fim. Uma doação do Catar ajudou a manter activa a única central eléctrica de Gaza, reduzindo o número de horas em que os hospitais têm necessidade de recorrer aos geradores.

O Catar prometeu também pagar os salários dos trabalhadores do sector público de Gaza, doando 15 milhões de dólares durante seis meses, e nos últimos dois meses os funcionários receberam os seus salários.

No entanto, numa tentativa de chantagem para fazer cessar as manifestações da Marcha do Retorno, Israel recusou permitir a entrada de dinheiro do Catar na Faixa de Gaza pela segunda semana consecutiva, com consequências dramáticas.

A Faixa de Gaza sofre desde há muito de um crónico défice energético — consequência do criminoso bloqueio israelita —, que se traduz num fornecimento de electricidade durante apenas algumas horas por dia, com consequências profundas também no fornecimento de água potável e no saneamento básico. Os efeitos na população são arrasadores, agora ainda agravados devido à vaga de frio que se faz sentir na região.

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