MPPM condena acto de pirataria de Israel ao apresar embarcação da Flotilha da Liberdade

COMUNICADO 10/2018
Em 29 de Julho a embarcação Al Awda (O Retorno), com bandeira norueguesa, foi apresado pela marinha israelita em águas internacionais, a cerca de 50 milhas náuticas de Gaza. Posteriormente foi levado para o porto israelita de Ashod, sendo presas as 22 pessoas (8 tripulantes e 14 passageiros) de 16 nacionalidades que seguiam a bordo.
 
Parte da Flotilha da Liberdade que tenta romper o bloqueio ilegal a que Israel submete da Faixa de Gaza desde há doze anos, o Al Awda, um antigo barco de pesca da Noruega, transportava medicamentos e destinava-se a ser oferecido aos pescadores palestinos em Gaza.
 
Um outro barco da Flotilha, o Freedom, com bandeira sueca, que também transporta material médico e leva a bordo pessoas de várias nacionalidades, continua a dirigir-se para Gaza, sendo de temer que seja alvo de idêntico acto de violência por parte de Israel.
 
As embarcações da flotilha — além do Al Awda e do Freedom, dois pequenos veleiros que, navegando pelo sistema de canais, visitaram portos do interior do continente  e participaram na missão até Palermo — partiram da Escandinávia em meados de Maio e atracaram em 28 portos, realizando acções de solidariedade por um «Futuro Justo para a Palestina», exigindo que Israel ponha fim às violações do direito internacional e aos 12 anos de bloqueio de Gaza, único porto fechado do Mediterrâneo, e que os habitantes da Faixa de Gaza recobrem o direito à liberdade de movimento. 
 
O MPPM orgulha-se de ter sido umas das organizações portuguesas que, entre 19 e 22 de Junho, promoveram actividades de solidariedade na zona de Lisboa com a participação dos tripulantes do Al Awda e do Freedom, que se encontravam atracados em Cascais. Já em 2015 estas organizações tinham acolhido a embarcação Marianne av Göteborg, que tinha escalado Lisboa com destino a Gaza.
 
Mais de metade dos dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza são crianças e quase 75% são refugiados registados na UNRWA, agência da ONU que sofre uma crise financeira sem precedentes devido ao corte do financiamento decidido pela administração estado-unidense de Donald Trump. A Faixa de Gaza, há doze anos submetida a um desumano bloqueio e a sucessivas agressões militares por Israel, vive uma verdadeira catástrofe humanitária: o nível de desemprego é o mais elevado do mundo, só há fornecimento de electricidade poucas horas por dia, a água deixou de ser potável, os esgotos não são tratados. Segundo as Nações Unidas, no ano de 2020 a Faixa de Gaza será inabitável. 
 
Nos últimos tempos, além da brutal repressão dos manifestantes desarmados da Grande Marcha do Retorno, que se salda até agora em mais de 150 mortos e 16.500 feridos, Israel agravou as condições de entrada e saída de bens na Faixa de Gaza e levou a cabo repetidos bombardeamentos com tanques e meios aéreos.
 
O MPPM condena com veemência o apresamento do Al Awda e a prisão dos seus tripulantes e passageiros por Israel, e reclama do governo português que condene sem equívocos este acto de pirataria, que viola a liberdade de navegação em águas internacionais.
 
O MPPM envia uma calorosa palavra de solidariedade aos corajosos tripulantes e passageiros da Flotilha da Liberdade, cidadãos de vários países que prezam a justiça e a liberdade e se fizeram ao mar para tentar romper o criminoso e ilegal bloqueio e para manifestar a solidariedade com os palestinos encarcerados por Israel na maior prisão do mundo.
 
O MPPM condena os crimes do Estado sionista e manifesta a sua solidariedade à população palestina da Faixa de Gaza, que é parte integrante da nação palestina tanto quanto a Faixa de Gaza é parte inalienável do futuro Estado palestino.
 
O MPPM reafirma a sua solidariedade indefectível com a luta do povo palestino contra a ocupação e a repressão israelitas, pela constituição do Estado palestino independente, soberano, contíguo e viável nas fronteiras de 4 de Junho de 1967, tendo Jerusalém Oriental por capital, com uma solução justa do problema dos refugiados conforme com as resoluções da ONU.
 
Lisboa, 31 de Julho de 2018
A Direcção Nacional do MPPM
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