Forças israelitas matam jovem palestino e prendem mais de 100 em 24 horas na Cisjordânia ocupada

Um jovem palestino foi morto a tiro por forças israelitas na Cisjordânia ocupada na sexta-feira. Mahmoud Youssef Nakhleh, de 18 anos, morreu após ser atingido no estômago por tropas israelitas no campo de refugiados de al-Jalazun, perto de Ramala. As forças israelitas dispararam contra o jovem de muito perto, menos de 10 metros de distância.

Na sexta-feira registaram-se protestos generalizados, com  arremesso de pedras contra as forças israelitas, na Cisjordânia ocupada. Vive-se aqui um clima de tensão crescente após quatro palestinos e dois israelitas serem mortos num espaço de 48 horas. Segundo o Crescente Vermelho Palestino, pelo menos 57 palestinos ficaram feridos duarnte o dia de sexta-feira.

As forças israelitas lançaram uma onda de prisões em toda a Cisjordânia ocupada. Desde quinta-feira mais de 100 palestinos foram presos. Segundo uma fonte do Hamas, entre eles contam-se dezenas de simpatizantes do movimento, incluindo deputados.

Durante o dia de sexta-feira o exército israelita continuou, pelo segundo dia consecutivo, a impedir os acessos à cidade de Ramala, o centro administrativo da Autoridade Palestina, isolando-a do exterior.

Na realidade, o aumento da tensão nestes últimos dias não pode ser desligado da indignação com o facto de o exército israelita ter realizado uma incursão maciça no centro de Ramala, na passada segunda-feira, 10 de Dezembro.

Embora os Acordos de Oslo proíbam que soldados israelitas entrem unilateralmente em zonas sob total controlo administrativo e de segurança palestino, designadas por «Área A» — como é precisamente o caso de Ramala —, as forças israelitas violam repetidamente essa interdição.

A incursão do exército sionista no dia 10 revestiu-se de particular gravidade. Em primeiro lugar, realizou-se em pleno dia e envolveu uma grande coluna das forças israelitas. Em segundo lugar, os israelitas invadiram os escritórios da agência de notícias oficial palestina WAFA, onde realizaram uma busca e confiscaram cópias das imagens da câmara de segurança, alegando procurar um carro cujo motorista tinha participado num ataque armado na véspera, de que resultaram sete israelitas feridos. Acontece que a Wafa está localizada a apenas algumas centenas de metros da casa do presidente Mahmoud Abbas e praticamente em frente da sede da presidência palestina, a Muqata.

Assistiu-se ontem na Cisjordânia ocupada a um aumento da violência dos colonos israelitas, que bloquearam estradas entre Hebron e aldeias palestinas e vandalizaram carros pertencentes a palestinos, tendo mesmo apedrejado uma ambulância que levava um doente para um hospital de Hebron, forçando-a a voltar para trás. Em Nablus, soldados israelitas fecharam estradas para permitir uma marcha de colonos, que destruíram veículos palestinos.

Entretanto, milhares de palestinos da Faixa de Gaza participaram nas manifestações da Grande Marcha do Retorno, que se realizaram pela 38.ª sexta-feira consecutiva. As autoridades sanitárias de Gaza informaram que pelo menos 75 pessoas foram feridas por fogo real disparado pelas forças israelitas.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 220 palestinos foram mortos e 22 500 feridos pelas tropas israelitas desde o início, em 30 de Março, da Grande Marcha do Retorno, que exige o fim do bloqueio da Faixa de Gaza e o direito dos refugiados a regressarem às terras de onde foram expulsos pela limpeza étnica de Israel.

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