Cessar-fogo em Gaza após nova vaga de agressão de Israel

O Movimento da Jihad Islâmica Palestina declarou um cessar-fogo após dois dias de hostilidades, iniciadas na madrugada de terça-feira quando Israel assassinou um comandante deste movimento de resistência, bem como a sua esposa, num ataque contra a sua casa, em Gaza.

Na madrugada de 12 de Novembro, a Força Aérea de Israel atacou e matou Baha Abu al-Ata, um comandante da ala armada da Jihad Islâmica Palestina, e sua esposa, enquanto dormiam em sua casa.

Um ataque semelhante atingiu também na terça-feira a casa de outro comandante da Jihad Islâmica em Damasco, na Síria.

Segundo o Ministério da Saúde palestino (MS) em Gaza, 34 pessoas foram mortas pelos ataques israelitas contra o enclave costeiro palestino, incluindo 23 homens, oito crianças e três mulheres. O Ministério da Saúde informou também que 111 palestinos ficaram feridos, incluindo pelo menos 41 crianças e 13 mulheres.

Talvez o caso mais trágico seja o assassínio, ao amanhecer de quinta-feira, de toda a família Abu Malhous, em Deir al-Balah. Um avião israelita F16 disparou um míssil contra a casa, reduzindo-a a escombros e matando oito membros da família, incluindo quatro crianças e duas mulheres.

O assassinato de Baha Abu al-Ata desencadeou ataques de retaliação da resistência palestina contra o território de Israel. A Jihad Islâmica lançou cerca de 450 rockets dirigidos ao Sul e centro de Israel, atingindo as proximidades de Tel Aviv. Empresas e escolas fecharam, forçando um milhão de crianças israelitass a ficar em casa. Além disso, registaram-se em Israel apenas alguns danos e ferimentos leves. Em Israel, 77 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram hospitalizadas por choque e vários ferimentos.

O porta-voz da Jihad Islâmica, Musab al-Braim, citado pela agência Reuters, confirmou na manhã de quinta-feira, 14 de Novembro, que o cessar-fogo entrou em vigor às 5:30 da manhã, hora local.

Segundo o porta-voz, o regime sionista aceitou pôr fim aos «assassínios selectivos» de combatentes da resistência palestina e aos disparos letais na repressão das manifestações semanais contra a ocupação perto da vedação com que Israel isola a Faixa de Gaza.

Por seu lado, Israel teria aceitado o cessar-fogo, alcançado com mediação egípcia, em troca da cessação do lançamento de rockets e da garantia de que as manifestações semanais na Faixa de Gaza seriam pacíficas.

Esta nova agressão israelita é tanto mais condenável quanto tudo indica dever-se a uma manobra de política interna israelita, desenvolvida por Benjamin Netanyahu para garantir a sua sobrevivência política e bloquear o avanço dos processos judiciais por corrupção de que é alvo.

Também não é decerto casual que o momento escolhido coincida com o processo em curso de reaproximação entre as forças políticas palestinas, de que faz parte a anunciada realização de eleições para os órgãos políticos da Autoridade Palestina.

A actual agressão israelita surge, recorde-se, na sequência das três guerras lançadas pelo Estado sionista entre 2008 e 2014 contra a Faixa de Gaza. Só nesta última, a ONU registou mais de 2200 vítimas mortais numa população encurralada há mais de uma década numa verdadeira prisão a céu aberto, da qual o criminoso bloqueio não deixa qualquer possibilidade de fuga.

Como de costume, é vergonhosa a posição assumida pelos Estados Unidos, pelo enviado especial da ONU para o Médio Oriente, pela União Europeia e diversos países da Europa, que condenam os mísseis lançados pela resistência palestina mas calam a responsabilidade de Israel no desencadear da escalada de violência.

Face à intolerável complacência para com os agressores por parte das potências ocidentais e da generalidade dos média, é oportuno reafirmar que nenhuma violência utilizada por Israel para manter uma ocupação ilegal pode ser justificada como legítima defesa.

Pelo contrário, é legítima a resistência do povo palestino, incluindo a resistência militar, à ocupação do seu território há mais de 50 anos, à repressão quotidiana e brutal e também aos repetidos ataques contra a Faixa de Gaza lançados pela maior potência militar do Médio Oriente. É legítima e é justa, e merecedora de toda a solidariedade, a luta do povo palestino pelos seus imprescritíveis direitos nacionais.

Foto: Ashraf Amra/Apaimages

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