Centenas de escritores protestam contra retirada de prémio a Kamila Shamsie por apoiar povo palestino

Em carta aberta intitulada «O direito ao boicote», centenas de autores de renome denunciaram a decisão da cidade alemã de Dortmund de retirar à escritora Kamila Shamsie um prémio literário por apoiar o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções) pelos direitos do povo palestino.

A carta aberta, publicada esta segunda-feira na London Review of Books, é subscrita, entre outros, por Arundhati Roy, J.M. Coetzee, Noam Chomsky, Amit Chaudhuri, William Dalrymple, Yann Martel, Jeanette Winterson e Ben Okri, bem como pelos historiadores israelitas Avi Shlaim e Ilan Pappe.

Os seus autores afirmam-se «consternados» com a decisão de Dortmund de «punir» Kamila Shamsie «por defender os direitos humanos», retirando-lhe o prémio que lhe tinha sido atribuído alguns dias antes.

«Qual é o significado de um prémio literário», interroga a carta aberta, «que mina o direito de defender os direitos humanos, os princípios da liberdade de consciência e expressão e a liberdade de criticar? Sem isso, arte e cultura tornam-se luxos sem sentido.»

A carta aberta sublinha que na Alemanha «os ataques ao BDS estão entre os mais ferozes» e lembra que em Maio de 2019 «o Bundestag aprovou uma moção rotulando o movimento como anti-semita».

A carta aberta faz também questão de citar o comunicado de mais de quarenta organizações judaicas sublinhando o perigo de confundir o racismo anti-judaico com a oposição à política e ao sistema de ocupação e apartheid de Israel, o que «mina a luta dos palestinos pela liberdade, a justiça e a igualdade e a luta global contra o anti-semitismo», servindo também «para proteger Israel de ser responsabilizado segundo os padrões universais dos direitos humanos e do direito internacional».

De facto, o falso pretexto do combate ao anti-semitismo é crescentemente brandido para tentar calar a voz dos que se opõe às criminosas políticas de Israel e são solidários com a causa palestina. A este propósito, recorde-se que num comunicado publicado em Dezembro de 2018, o MPPM afirmava já que «Anti-sionismo não é anti-semitismo» e alertava para «a aprovação de um documento [da União Europeia] que caminha no sentido de equiparar críticas ao sionismo e a Israel com anti-semitismo».

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