2018, mais um ano negro para os palestinos: 295 mortos, 29.000 feridos, 6500 presos

Um total de 295 palestinos foram mortos e mais de 29 000 foram feridos em 2018 pelas forças israelitas, informa o OCHA (Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários) num relatório divulgado no final da semana passada.

Trata-se do maior número de mortos num único ano desde a agressão israelita à Faixa de Gaza em 2014 (a chamada «Operação Margem Protectora») e o maior número de feridos registados desde que em 2005 o OCHA começou a documentar as baixas nos territórios palestinos ocupados (TPO).

Cerca de 61% das mortes (180 pessoas) e 79% dos ferimentos (mais de 23.000) ocorreram no contexto das manifestações da Grande Marcha do Retorno (iniciada em 30 de Março), junto à vedação com que Israel encerra a Faixa de Gaza. No conjunto dos TPO, 57 dos palestinos mortos e cerca de 7000 dos feridos eram menores de 18 anos.

Registou-se também um aumento da violência dos colonos vivendo nos colonaros israelitas nos TPO (todos ilegais à luz do direito internacional) contra a população palestina. Em 2018 ocorreram 265 incidentes em que colonos israelitas mataram ou feriram palestinos ou danificaram propriedades palestinas,um aumento de 69% em comparação com 2017. Uma mulher palestina foi morta e outros 115 palestinos ficaram feridos. Entre os bens palestinos vandalizados pelos colonos contam-se cerca de 7900 árvores e cerca de 540 veículos.

Prosseguiram as demolições pelas autoridades israelitas de estruturas propriedade de palestinos na Cisjordânia ocupada. Israel demoliu ou apreendeu 459 estruturas palestinas na Cisjordânia, invocando esmagadoramente a falta de licenças de construção, que são emitidas por Israel e quase impossíveis de obter. Somente na Área C, existem mais de 13 000 ordens de demolição pendentes, incluindo 40 emitidas contra escolas.

Manteve-se o criminoso bloqueio terrestre, marítimo e aéreo da Faixa de Gaza, imposto por Israel com a colaboreação do Egipto. As saídas de pessoas do pequeno território costeiro palestino só foram permitidas a título excepcional. Mantiveram-se as restrições relativas ao acesso às áreas de pesca e às terras agrícolas no interior da Faixa de Gaza que estão próximas da vedação que isola o território palestino.

Agravou-se a situação de insegurança alimentar, que na Faixa de Gaza afecta cerca de 1,3 milhões de pessoas, ou seja, 68% da populaçãoprincipalmente devido à pobreza. A taxa de desemprego em Gaza atingiu um recorde histórico: uma média de quase 53% nos três primeiros trimestres de 2018, com o desemprego dos jovens situado em 69%. Já na Cisjordânia, com 12% da população em situação de insegurança alimentar, o desemprego foi em média de 18%.

Num outro relatório publicado no sábado, a Comissão dos Presos Palestinos informa que em 2018 Israel deteve 6489 palestinos, incluindo 1063 crianças, 140 mulheres, seis parlamentares e 38 jornalistas. O relatório afirma que Israel emitiu também 988 ordens de detenção administrativa (regime que implica prisão sem julgamento nem culpa formada por períodos de até seis meses indefinidamente renováveis) contra activistas palestinos, sendo 389 novas e correspondendo as restantes à renovação de ordens anteriores.

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