Cancelada final de futebol da Palestina porque Israel negou viagem a equipa de Gaza

O campeonato nacional de clubes de futebol da Palestina foi cancelado esta quarta-feira por Israel negar as autorizações de viagem aos jogadores de Gaza que iriam defrontar os seus adversários na Cisjordânia ocupada.

Israel recusou-se a autorizar que jogadores do clube Khadamat Rafah de Gaza atravessasem as poucas dezenas de quilómetros do seu território para jogar com o FC Balata de Nablus, no centro da Cisjordânia.

Os dois milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza têm de solicitar autorização a Israel para viajarem para a Cisjordânia.

As autoridades israelitas não deram explicações públicas acerca da sua decisão.

Só receberam autorização de viagem 12 dos 35 elementos do clube de Gaza, dos quais apenas cinco eram jogadores, informou o clube.

A Taça da Palestina é reconhecida pela FIFA e deveria ter sido disputada esta quarta-feira na cidade de Nablus, na Cisjordânia ocupada, após já ter sido adiada em Julho passado.

Nessa altura, o COGAT, o órgão do Ministério da Defesa de Israel responsável pelos assuntos civis palestinos, concedeu apenas quatro autorizações de viagem: o presidente e o vice-presidente do clube, um médico e um único jogador.

O vencedor do jogo desta quarta-feira entre os detentores das taças de Gaza e da Cisjordânia teria representado os palestinos na Liga dos Campeões da Ásia, uma eliminatória da Taça do Mundo de Clubes da FIFA.

A taça não se realizou durante 15 anos, em grande parte devido a problemas com as autorizações israelitas, mas foi retomada em 2015 depois da intervenção da FIFA.

Jibril Rajoub, dirigente da Associação de Futebol da Palestina, membro da FIFA,  acusou Israel de tentar «paralisar os jogadores palestinos e até o sistema desportivo (palestino) em geral».

A FIFA, apesar de tal lhe ter sido solicitado, decidiu não adoptar nenhuma acção contra Israel devido às actividades dos clubes de futebol israelitas baseados em colonatos ilegais no território palestino ocupado, o que viola as suas próprias regras. Pelo contrário, continua a pactuar com a ilegalidade da ocupação israelita. Ainda esta segunda-feira atribuiu a Israel a realização dos torneios finais do Campeonato de sub-17 de 2022.

Israel ocupou Jerusalém Oriental, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza em 1967. Embora em 2005 tenha retirado os seus colonos e militares da Faixa de Gaza, Israel mantém a Faixa de Gaza sujeita a um criminoso bloqueio, controlando ferreamente os seus limites terrestres e marítimos. À luz do direito internacional, o pequeno enclave costeiro palestino continua a ser considerado território ocupado.

Foto: Jogadores do Khadamat Rafah Club disputam a bola durante a final da Taça da Palestina em Rafah, na Faixa de Gaza, em 30 de Junho de 2019 (AFP)

Print Friendly, PDF & Email
Share