Ocupação, Colonização e Apartheid Israelitas

Um colono israelita queimou 20 colmeias pertencentes a um agricultor palestino, residente na aldeia de Zanuta, a sul da cidade de Hebron, no sul da Cisjordânia, causando-lhe um prejuízo avaliado em mais de 10 000 dólares.

Entretanto, na cidade de Battir, a oeste da cidade de Belém, as forças de ocupação israelitas destruíram e arrancaram dezenas de oliveiras.

Em ambos os casos, houve movimentações de colonos no sentido de estabelecer postos avançados precursores de novos colonatos ilegais.

Yousef al-Sharha, o proprietário das colmeias de Zanuta, disse à WAFA que o colono, que montou uma caravana e estabeleceu um posto avançado de colonização ao lado do seu apiário, queimou e destruiu totalmente 20 colmeias das 50 que possui, agora que estamos no início da época de colheita do mel.

A Assembleia da República aprovou um voto de solidariedade com o povo palestino em que insta «o Governo português, à luz da Lei Fundamental do País, a Constituição da República Portuguesa, a que assuma uma posição clara e contundente, em defesa dos direitos do povo palestiniano e do cumprimento das resoluções da ONU que os consagram.»

O projecto de voto foi subscrito pelos deputados e deputadas Joana Mortágua BE, Ivan Gonçalves PS, Bruno Dias PCP, Ana Isabel Santos PS, Carla Sousa PS, Tiago Brandão Rodrigues PS, Isabel Moreira PS, Miguel Matos PS, e Jamila Madeira PS, que integram a Comissão Parlamentar de Amizade Portugal-Palestina, e foi aprovado em 18 de Julho de 2023, com alterações propostas pelo PS, na Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas (2.a Comissão), com votos a favor do PS, do PCP e do BE, e votos contra do PSD e do CH.

Carlos Almeida, historiador e vice-presidente do MPPM, participou num podcast do Expresso da série «O Mundo a Seus Pés» dedicado à análise da mais recente agressão israelita contra Jenin e o seu campo de refugiados.

Conduzido pela jornalista Ana França, o programa contou também com a participação de Joana Ricarte, investigadora do Instituto Jurídico da Faculdade de Direito de Universidade de Coimbra e professora na Universidade da Beira Interior.

A relevância do tema está expressa no título do podcast — «Dois dias de violência como não se via há 20 anos» — que adopta como subtítulo uma frase de Joana Ricarte: «Jenin é uma representação física da Nakba, a grande tragédia palestina».

Ismail Shammut - O Início da Tragédia

Entre 9 e 13 de Julho de 1948, as forças sionistas lançaram uma operação militar em grande escala, conhecida como Operação Dani, com o objectivo de ocupar as cidades palestinas de Lydda e Ramla, massacrando centenas de palestinos e forçando o êxodo de muitos milhares.

O massacre teve lugar em duas fases, entre o fim da primeira trégua na guerra israelo-árabe, a 9 de Julho de 1948, e o início da segunda, a 18 de Julho. A primeira fase do massacre ocorreu durante o período de ocupação da cidade e a segunda durante a operação de expulsão em massa dos seus residentes, que é considerada um dos maiores actos de limpeza étnica («operações de transferência») levados a cabo pelos israelitas.

A operação Dani

A propósito da visita a Portugal da Batsheva Dance Company, o MPPM chama a atenção para a verdadeira natureza do seu apoiante Estado de Israel, fundado sobre a limpeza étnica do povo palestino e sustentado por uma política de ocupação colonial e de apartheid.

A Batsheva Dance Company — uma companhia de dança israelita, sediada em Telavive — vai apresentar-se em Portugal, no mês de Julho, com espectáculos no Rivoli, no Porto, e no CCB, em Lisboa. Os espectáculos do CCB estão integrados na programação do Festival de Almada.

A Batsheva Dance Company é apoiada pelo governo de Israel, através do Ministério da Cultura e Desporto e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e pelo Município de Telavive que, nos últimos sete anos, contribuíram com 38% das receitas da companhia. A companhia reside no Centro Batsheva que foi construído e renovado com apoios do Município de Telavive e do Ministério da Cultura de Israel através da Fundação Telavive.

O MPPM convocou para esta sexta-feira um acto público, para protestar contra a violência de Israel para com o povo palestino, que juntou uma centena de pessoas no Rossio, em Lisboa.

Tendo presente a recente ofensiva de Israel contra o campo de refugiados de Jenin que envolveu vastos meios terrestres e aéreos na maior operação militar na Cisjordânia desde 2002, tendo causado a morte a pelo menos 12 palestinos e ferido 120, vinte dos quais em estado crítico, reclamou-se o fim da violência israelita, o fim da ocupação, o fim da impunidade de Israel e lamentou-se a tolerância cúmplice dos governos ocidentais para com os crimes israelitas.

Em nome do MPPM falou Carlos Almeida, vice-presidente da Direcção Nacional, e intervieram também Julie Neves, do CPPC, Joana Botas, do MDM, Isabel Pires, deputada do BE, Duarte Alves, deputado do PCP, e Hindi Mesleh, da comunidade palestina.

O brutal assalto de Israel ao campo de refugiados de Jenin nos dias 3 e 4 de Julho de 2023 já provocou a morte de 12 pessoas, ferimentos em mais de uma centena e o desalojamento forçado de cerca de 3000 residentes, além da destruição em larga escala num dos campos de refugiados com maiores taxas de pobreza e desemprego.

A violência militar israelita, envolvendo cerca de mil soldados e meios aéreos, não poupou os hospitais, locais de culto, a sede do grupo de teatro Freedom Theatre, e ficou novamente marcada pelo ataque propositado a jornalistas em serviço, num esforço para esconder a brutalidade das operações israelitas.

O assalto a Jenin não é um acto isolado. Insere-se numa criminosa vaga repressiva que, dando continuidade à permanente política de repressão israelita contra o povo palestino, conhece uma escalada de grandes proporções desde a tomada de posse do novo governo de Netanyahu.

As forças armadas israelitas lançaram, na madrugada desta segunda-feira, uma operação em grande escala contra o campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, envolvendo meios aéreos e terrestres, matando pelo menos oito palestinos e ferindo mais de cinco dezenas, estando alguns em estado crítico.

Walid al-Omari, chefe do escritório de Jerusalém da Al Jazeera, confirmou que cerca de 150 veículos blindados e cerca de 1000 soldados das forças especiais de elite e do exército, bem como dos serviços secretos, da polícia e da polícia de fronteira estavam a participar na operação, impondo um cerco total ao campo, enquanto as forças especiais operavam no interior do campo, invadindo casas, revistando-as e prendendo muitas pessoas.

Antecedendo a invasão terrestre, Israel lançou mais de uma dezena de ataques aéreos contra Jenin durante a noite desta segunda-feira, causando a morte a três palestinos e provocando grande destruição em edifícios.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Austrália, do Canadá e do Reino Unido emitiram hoje uma declaração conjunta onde se afirmam «profundamente preocupados com os recentes acontecimentos em Israel e na Cisjordânia, que reduzem ainda mais as perspectivas de paz.»

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, acrescentou as forças militares da Rússia à sua “lista da vergonha” anual de partes em conflitos armados que cometem graves violações contra crianças, mas continua a omitir as forças armadas e as milícias de colonos israelitas, apesar de os seus actos criminosos estarem amplamente documentados em relatórios da organização.

Para Jo Becker, directora de Advocacia da Divisão dos Direitos da Criança da Human Rights Watch (HRW), «este facto envia uma mensagem ambígua sobre a vontade da ONU de responsabilizar governos poderosos.»

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