Política e Organizações Internacionais

Os líderes palestinos ganharam uma reiterada declaração de apoio à criação de um Estado palestino, mas não conseguiram persuadir a Liga Árabe a condenar o acordo de normalização entre Israel e os Emirados Árabes Unidos (EAU), anunciado em 13 de Agosto passado e que deve ser formalizado numa cerimónia de assinatura na Casa Branca na próxima semana.

Os ministros dos negócios estrangeiros da Liga Árabe, reunidos por videoconferência na passada quarta-feira, rejeitaram uma proposta palestina para condenar a normalização em curso entre os EAU e Israel. A delegação palestina já sabia que um projecto que condenasse claramente o acordo entre Israel e os Emirados Árabes Unidos seria rejeitado. Por isso, optou por uma posição indirecta que condenava qualquer membro da Liga Árabe que violasse a Iniciativa de Paz Árabe de 2002, mas mesmo assim sem sucesso.

Pela décima noite consecutiva Israel sujeitou a Faixa de Gaza a bombardeamentos pela artilharia e pela aviação. Embora haja vários feridos, não se registaram, até ao momento, vítimas mortais. No entanto, foram causados avultados danos materiais e há um pânico generalizado na população.

Israel argumenta que está a retaliar ao envio de balões incendiários, a partir da Gaza, para povoações israelitas vizinhas e alega que só está a atacar alvos do Hamas. No entanto, estão documentados danos em habitações e até numa escola da UNRWA.

Israel e os Emirados Árabes Unidos concordaram, na passada quinta-feira, em normalizar as suas relações num acordo mediado pelo Presidente dos EUA. O acordo surgiu após uma conferência telefónica entre o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Primeiro Ministro israelita, Benjamin Netanyahu e o Xeque Mohammed bin Zayed Al Nahyan, príncipe herdeiro de Abu Dhabi.

Os Emirados Árabes Unidos tornaram-se o primeiro país do Golfo Arábico a alcançar um acordo sobre a normalização das relações com Israel, culminando anos de contactos discretos entre os dois países no comércio e na tecnologia.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou de forma retumbante uma proposta dos Estados Unidos para alargar um embargo global de armas ao Irão.
Na votação de sexta-feira do Conselho de Segurança, Washington apenas obteve o apoio da República Dominicana para a sua resolução de prolongar indefinidamente o embargo, deixando-o muito aquém do mínimo de nove votos a favor necessários para a sua adopção.

Onze dos quinze membros do Conselho de Segurança, incluindo a França, a Alemanha e o Reino Unido, abstiveram-se.

A Rússia e a China opuseram-se firmemente à prorrogação do embargo de 13 anos, que deveria expirar a 18 de Outubro, ao abrigo do acordo nuclear assinado entre o Irão e seis potências mundiais, em 2015.

Zhang Jun, embaixador da China na ONU, disse numa declaração que o resultado «mais uma vez mostra que o unilateralismo não recebe apoio e que a intimidação falhará».

O MPPM dirigiu ao Governo de Portugal a seguinte mensagem:

Exmº Senhor Primeiro Ministro
Exmº Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros

O MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente apela ao Governo de Portugal para que, directamente e através das instâncias comunitárias, em nome dos valores e princípios que Portugal e a União Europeia defendem, e considerando a existência de precedentes em situações análogas, pressione o governo de Israel no sentido de libertar imediata e incondicionalmente o defensor de direitos humanos palestino Mahmoud Nawajaa cuja detenção se deve unicamente a exercer os seus direitos à liberdade de expressão e de associação sendo, portanto, um prisioneiro de consciência.

Causa perplexidade a notícia da reunião entre os Ministros da Ciência e Tecnologia de Portugal e de Israel, recentemente divulgada [1] , apontando para um estreitamento das relações entre as agências espaciais dos dois países, que culminaria na assinatura de um acordo de cooperação.

Entende-se que Israel, sujeito a uma generalizada condenação da comunidade internacional devido ao seu sistemático desrespeito do direito internacional e à anunciada anexação de vastas partes da Cisjordânia ocupada, acolha entusiasticamente todas as manifestações de «normalização» por parte de outros países.

Já custa a entender que, a confirmar-se a notícia, Portugal se preste a esse papel. Tratar-se-ia duma iniciativa grave por parte de um governo que até hoje não tomou uma posição formal de condenação dos planos do governo de Israel relativos à anexação de quase um terço da Cisjordânia.

Ministros dos Negócios Estrangeiros de vários países árabes advertiram ontem, durante uma reunião virtual organizada pela Jordânia, que a anexação por Israel do Vale do Jordão e dos colonatos ilegais na Cisjordânia ocupada iria incendiar o conflito e alimentar o extremismo, segundo noticia a agência Wafa.

«Rejeitamos a anexação de qualquer parte dos territórios palestinos ocupados, e alertamos para o perigo da anexação, que constitui uma violação do direito internacional e mina a solução de dois Estados, os fundamentos do processo de paz, bem como os esforços no sentido de uma paz justa e abrangente», lê-se na declaração conjunta.

Um grupo de antigos líderes mundiais, que integra vários Prémios Nobel da Paz, designado The Elders (Os Anciãos), apelou aos dirigentes europeus para manterem a sua determinação contra os planos de Israel de anexar faixas da Cisjordânia, e para insistirem em que qualquer movimento desse tipo teria consequências políticas e económicas negativas para as relações bilaterais.

A ausência de quaisquer medidas militares e legais directas no sentido da anexação a 1 de Julho - o prazo unilateralmente declarado pelo Primeiro-Ministro israelita Benyamin Netanyahu - não deve ser tomado como motivo de complacência. A anexação de qualquer parte da Cisjordânia, incluindo os blocos de colonatos ilegais, constituiria uma violação flagrante do direito internacional.

O Hamas e a Fatah concordaram em unir-se para enfrentar a planeada anexação por Israel da Cisjordânia ocupada, em declarações divulgadas na quinta-feira.

Saleh al-Arouri, chefe adjunto do Gabinete Político do Hamas, e o Major-General Jibril Rajoub, secretário do Comité Central da Fatah, participaram em conversações, tendo o dirigente da Fatah afirmado que a reacção à decisão de anexação mostrou um consenso popular para contrariar o plano, acrescentando que a unidade «vai inspirar-nos para construir uma visão estratégica, para liderar a rua».

«Queremos abrir uma nova página com o Hamas e introduzir um novo modelo para o nosso povo e famílias, especialmente porque a posição regional não tratou de forma alguma do projecto de anexação», acrescentou Rajoub.

Ante a ameaça anunciada pelo Governo de Israel de avançar para a anexação de territórios palestinos na Margem Ocidental do rio Jordão, o MPPM tomou a iniciativa de promover uma carta-aberta dirigida ao Governo Português e subscrita por personalidades da vida pública, cultural e académica reclamando o reconhecimento por Portugal do Estado da Palestina e uma posição firme face à ameaça de anexação por parte de Israel.

O MPPM convida-o/-a a dar a sua adesão a esta carta aberta aqui.

Este é o texto da carta e a lista de primeiros subscritores:

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