Ocupação, Colonização e Apartheid Israelitas

É difícil mantermos a nossa bússola moral quando a sociedade a que pertencemos — tanto os líderes como os meios de comunicação social — assume uma posição de superioridade moral e espera que partilhemos com ela a mesma fúria virtuosa com que reagiu aos acontecimentos do passado sábado, 7 de Outubro.

Só há uma maneira de resistir à tentação de aderir a essa narrativa: ter compreendido, em algum momento da nossa vida — mesmo como cidadãos judeus de Israel —, a natureza colonial do sionismo e ter ficado horrorizado com as suas políticas contra o povo autóctone da Palestina.

Nós ensinamos a vida, senhores.
Nós, palestinos, ensinamos a vida desde que eles ocuparam o céu derradeiro.
Nós ensinamos a vida desde que eles construíram os colonatos, os muros do apartheid, depois do último céu.
Nós ensinamos a vida, senhores.

Nós ensinamos a vida, senhores.
Nós, palestinos, acordamos todas as manhãs para ensinar vida ao resto do mundo, senhores.

É por aqui que quero começar, caras e caros amigos, pelas palavras da poeta palestina Rafeef Ziahad.

Intervenção de Carlos Almeida no Acto Público no Martim Moniz em 11Out23
Intervenção de Carlos Almeida no Acto Público no Martim Moniz em 11Out23

O MPPM, o CPPC e a CGTP-IN e o CPPC, promoveram ontem, na Praça Martim Moniz, em Lisboa, um acto público de solidariedade com o povo palestino, pelo seu direito a resistir à ocupação, pelo reconhecimento dos seus direitos inalienáveis a uma pátria livre, independente e soberana, pelo direito de regresso dos refugiados, e também por uma paz justa e duradoura no Médio Oriente.

Muitas centenas de pessoas, incluindo uma significativa representação da comunidade palestina e de comunidades migrantes, responderam ao apelo e ouviram as intervenções de Dinis Lourenço (CGTP-IN), Carlos Almeida (MPPM) e Ilda Figueiredo (CPPC), com apresentação de José Pinho (projecto Ruído).

Recordamos a declaração do MPPM que acompanhou a convocação deste Acto Público:

As acções desencadeadas em Gaza e Israel, nesta madrugada, comprovam — como o MPPM repetidamente tem alertado — que não é possível ter uma situação de paz na Palestina e, por consequência, no Médio Oriente, continuando a espezinhar os legítimos direitos do povo palestino e persistindo em manter a ocupação colonial e a violência das forças militares e dos colonos.

1. Às 6:30 desta madrugada (4:30 em Lisboa), militantes de organizações da resistência palestina lançaram, a partir da Faixa de Gaza, um ataque de surpresa, em larga escala, contra Israel, no que apelidaram de «Operação Dilúvio Al-Aqsa» e que afirmam ser uma resposta à profanação da Mesquita de Al-Aqsa e ao aumento da violência dos colonos.

Um jovem palestino foi morto a tiro, ontem à noite, durante um ataque de colonos, apoiados pelas forças de ocupação israelitas, contra a cidade de Huwara, a sul de Nablus, elevando para quatro o número de palestinos mortos em menos de 24 horas.

O jovem, identificado como Labeeb Mohammed Dmaidi, de 19 anos, foi atingido directamente no coração por um colono israelita, vindo a falecer no hospital Rafidia, na cidade de Nablus, para onde foi transportado.

Fontes do Crescente Vermelho Palestino disseram que pelo menos 25 pessoas, incluindo quatro crianças, sufocaram com o gás lacrimogéneo disparado pelas forças militares durante o ataque dos colonos à cidade.

Um outro jovem palestino, identificado como Jamal Mahmoud Majdoub, de 26 anos, foi morto a tiro pelas forças de ocupação israelitas em Huwara.

Os colonos judeus extremistas, que têm aproveitado o feriado do Sukkot para profanar locais e símbolos religiosos muçulmanos e cristãos, têm o respaldo do ultra-direitista Ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, que disse numa entrevista à Rádio do Exército que cuspir em cristãos «não é crime».

Ben Gvir já tinha defendido o acto de cuspir nos cristãos como «um antigo costume judaico». A afirmação foi repetida na terça-feira, no X/Twitter, pelo líder dos colonos extremistas, Elisha Yered, suspeito de envolvimento na morte de um adolescente palestino em Agosto.

«Talvez sob a influência da cultura ocidental tenhamos esquecido um pouco o que é o cristianismo, mas penso que os milhões de judeus que sofreram no exílio as Cruzadas, a tortura da Inquisição [espanhola], os libelos de sangue e os pogroms em massa — nunca esquecerão», justificou Yered.

Assinalam-se este ano 75 anos da Nakba, a catástrofe que em 1948 se abateu sobre o povo palestino.

São 75 anos de limpeza étnica e colonização, de guerra, de massacres e violências às mãos dos governos de Israel.

São 75 anos de exílio, de memórias silenciadas, de luta pelo reconhecimento do direito a contar a sua história.

São 75 anos de humilhações, de perseguições, de prisões, torturas e assassinatos.

São 75 anos de resistência diária, persistente, incessante, a defender cada casa, cada oliveira, a fazer de cada diáspora o lugar onde a esperança se reinventa.

São 75 anos de desrespeito pela promessa da ONU de criar um Estado da Palestina, de violação do direito internacional.

São 75 anos de promessas nunca cumpridas, de futuros sempre adiados, de persistente e continuado desrespeito pelo direito internacional, de cumplicidades e indiferença com a injustiça e a ilegalidade.

As forças de ocupação israelitas mataram a tiro dois palestinos, na noite passada, durante um ataque militar em grande escala ao campo de refugiados de Nour Shams, a leste de Tulkarm, na Cisjordânia ocupada.

Abdurrahman Suleiman Abu Daghash, de 32 anos, foi atingido na cabeça e foi levado em estado crítico para o Hospital Governamental Thabet Thabet, em Tulkarm, onde foi declarado morto devido aos ferimentos.

Antes, Asaad Jab'awi, de 21 anos, também tinha morrido depois de ter sido atingido a tiro na cabeça durante o ataque israelita.

Depois da meia-noite, as forças de ocupação israelitas, acompanhadas por retroescavadoras militares, lançaram uma incursão em grande escala no campo, no meio de um pesado tiroteio. Iniciaram a destruição da estrada principal e das infra-estruturas no interior do campo, enquanto franco-atiradores ocupavam os telhados das casas dos civis.

Forças israelitas à paisana mataram deliberadamente um rapaz palestino de 15 anos quando ele denunciou a sua entrada furtiva no campo de refugiados de Jenin durante uma incursão militar a 19 de Setembro, denuncia a Defense for Children International – Palestine (DCIP).

Segundo um relatório divulgado na quarta-feira pela DCIP — o sector palestino da Defense for Children International (DCI), com sede em Genebra — , Rafat Omar Ahmad Khamayseh estava a sair de casa do avô, no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, por volta das sete e meia da manhã, na terça-feira, 19 de Setembro, quando «viu elementos das forças especiais israelitas a saírem de três carros com matrícula palestina e a cercarem a casa do pai de um homem palestino procurado para prisão».

Em menos de 24 horas, as forças de ocupação israelitas mataram seis jovens palestinos durante ataques militares em várias zonas da Cisjordânia ocupada e da Faixa de Gaza, informa a agência noticiosa WAFA.

Ontem à noite, um jovem palestino identificado como Yousef Radwan, de 25 anos, de Bani Suhayia, a leste de Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza, foi morto e outros ficaram feridos quando soldados israelitas abriram fogo contra manifestantes que se reuniam na fronteira de Gaza com Israel. Yousef foi baleado na cabeça, e nove outros palestinos ficaram feridos, um deles em estado crítico. Dois outros jovens palestinos foram feridos por balas reais a leste de Jabalya, no norte da Faixa de Gaza, e muitos outros sofreram asfixia após inalarem gás lacrimogéneo disparado pelos soldados.

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