Ocupação, Colonização e Apartheid Israelitas

Faz hoje, dia 15 de Maio, 75 anos que centenas de milhares de palestinos, simples e pacíficos camponeses, muçulmanos e cristãos, ricos e pobres, proprietários e assalariados, foram arrancados das suas casas, expulsos das suas terras e sob ameaça armada obrigados a fugir. Formaram-se longas filas de pessoas, a pé, em carroças, nos poucos carros que dispunham a caminho do exílio. Hoje formam a maior comunidade de refugiados do mundo, contando-se mais de 5 milhões de palestinos em campos de refugiados localizados nos países vizinhos da Palestina.

É a única comunidade refugiada que pelo seu tamanho tem uma agência das Nações Unidas dedicada exclusivamente a tratar dos seus problemas - a UNRWA que apesar dos poucos fundos de que dispõe tem feito um trabalho notável. Recentemente o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres visitou uma escola da UNRWA no Líbano onde pediu à comunidade palestina para "Não perder a esperança".

Na noite de 22 para 23 de Maio de 1948, uma semana após o estabelecimento do Estado de Israel, o 33º batalhão da Brigada Alexandroni lançou um ataque contra a aldeia palestina de Tantura, utilizando fogo de metralhadoras pesadas seguido de um ataque de infantaria. O combate foi de curta duração mas, após a rendição dos aldeãos, as milícias sionistas procederam ao massacre de mais de duas centenas de prisioneiros desarmados.

A notícia do massacre era conhecida do lado palestino, mas sistematicamente negada pelo lado israelita. Uma tese de mestrado de Theodore Katz, um aluno da Universidade de Haifa, que confirmou a ocorrência do massacre com base em dezenas de testemunhos de sobreviventes palestinos e de milicianos sionistas, foi denegrida e o seu autor perseguido em tribunal. O historiador Ilan Pappé, professor de Katz, defendeu a veracidade da tese o que lhe valeu a expulsão da Universidade de Haifa e o exílio em Inglaterra, onde é professor na Universidade de Exeter.

O AbrilAbril falou com Salim Nazzal, escritor e secretário do Fórum Cultural Palestino Europeu, refugiado na Noruega, e Nisreen Lubbad, resistente palestina, sobre a Nakba e o agravar da agressão israelita das últimas semanas.

Salim Nazzal, escritor, dramaturgo e poeta palestiniano, secretário do Fórum Cultural Palestino Europeu, nasceu num campo de refugiados no Líbano. A família foi expulsa das suas casas em 1948, pelas forças de ocupação israelita. Nisreen Lubbad, refugiada palestiniana residente em Madrid, activa na resistência palestina à ocupação israelita, nasceu, tal como Salim, num campo de refugiados.

Na madrugada desta segunda-feira o exército israelita conduziu uma operação em grande escala no campo de refugiados de Balata, perto de Nablus na Cisjordânia ocupada, matando três palestinos e ferindo outros seis, um deles com gravidade.

O Ministério da Saúde palestino identificou os mortos como Fathi Jihad Rizq, 30 anos, Abdullah Yousef Abu Hamdan, 24 anos, e Mohammad Bilal Zeitoun, 32 anos.

Militares israelitas em grande número, acompanhados por bulldozers, atacaram o campo com fogo cerrado e colocaram franco-atiradores nos telhados, levando a confrontos armados com resistentes palestinos.

Os soldados israelitas entraram em dezenas de casas no campo de refugiados, revistaram-nas e saquearam-nas, e fizeram explodir a casa da família Abu Shalal, ferindo um rapaz e uma rapariga devido aos estilhaços e causando danos nas casas vizinhas.

Falando na sessão de Alto Nível com que a ONU assinalou o 75º aniversário da Nakba, o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, instou a organização mundial a suspender Israel a menos que este ponha termo à sua agressão contra os palestinos e aplique as resoluções da Assembleia Geral que estabelecem Estados israelitas e palestinos separados, bem como o regresso dos refugiados palestinos.

O MPPM promoveu, na terça-feira, 16 de Maio, em cooperação com a BOTA - Base Organizada da Toca das Artes, a exibição do filme 1948: Criação e Catástrofe no espaço desta associação, no Largo da Santa Bárbara, 3D, Lisboa.

O filme, de Andy Trimlett e Ahlam Muhtaseb, foi comentado por Carlos Almeida, Investigador do Centro de História da Universidade de Lisboa e Vice-Presidente do MPPM.

Através das memórias pessoais, tanto de palestinos como de israelitas, 1948: Criação & Catástrofe conta a história do estabelecimento de Israel vista através dos que a viveram.

Este filme foi a última oportunidade para muitas das suas personagens, israelitas e palestinas, para narrarem os seus relatos em primeira mão sobre a criação de um Estado e a expulsão de uma nação.

O MPPM promoveu na segunda-feira 15 de Maio, na Casa do Alentejo em Lisboa, uma Sessão de Solidariedade com a Palestina evocativa dos 75 anos da Nakba, a catástrofe que rodeou a criação do Estado de Israel e se traduziu na expulsão de 750 000 palestinos das suas casas e terras, na destruição de 500 vilas e aldeias palestinas, na morte de 15 000 homens, mulheres e crianças palestinos.

A sessão foi presidida por Carlos Araújo Sequeira, presidente da Mesa da Assembleia Geral do MPPM, e contou com intervenções de João Vasconcelos-Costa, investigador, activista político e ensaísta, Nisreen Lubbad, refugiada e resistente palestina, Salim Nazzal, escritor, dramaturgo e poeta palestino, e Carlos Almeida, vice-presidente do MPPM.

A anteceder as intervenções, observou-se um minuto de silêncio em memória das vítimas da repressão israelita na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

A Freedom Flotilla Coalition / Coligação Flotilha da Liberdade (FFC) é composta por iniciativas e organizações da sociedade civil de vários países e tem vindo a desafiar o bloqueio ilegal e desumano que Israel exerce sobre Gaza com viagens sucessivas desde 2010.

Em 2023 a FFC efectua um périplo pelo Norte da Europa para divulgação da campanha e recolha de fundos, preparando-se para, em 2024, navegar até Gaza.

Um antigo navio pesqueiro a diesel, de 18 metros, construído em 1968, foi adquirido pela Ship to Gaza Norway e pelo Palestinakomiteen i Norge e iniciou a viagem em Trondheim em 12 de Abril. Aportou, sucessivamente, em Kristiansund (13 de Abril), Molde (14 de Abril), Ålesund (15 de Abril) e chegou a Bergen em 17 de Abril.

Aviões de guerra israelitas renovaram os seus ataques aéreos contra várias localidades da Faixa de Gaza sitiada, pelo quarto dia consecutivo.

Hoje de manhã foram mortos dois palestinos e pelo menos cinco outros ficaram feridos num ataque aéreo israelita que teve como alvo um apartamento residencial no bairro de al-Nasser, a oeste da cidade de Gaza.

Os combates desta semana começaram na terça-feira, quando Israel lançou ataques aéreos simultâneos que mataram três comandantes da Jihad Islâmica e pelo menos 10 civis – algumas das suas mulheres, filhos e vizinhos – enquanto dormiam nas suas casas.

Israel alega que estava a retaliar a uma barragem de foguetes lançada na semana passada pela Jihad Islâmica após a morte de um dos seus membros na Cisjordânia ocupada, Khader Adnan, na sequência de uma greve de fome enquanto estava sob custódia israelita.

Em 11 de Maio de 2022, Shireen Abu Akleh, uma jornalista palestino-americana da Al Jazeera, foi morta por um atirador israelita quando cobria uma rusga das Forças de Defesa de Israel (IDF) ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada. Shireen foi alvejada no rosto, apesar de usar capacete e um colete identificativo de imprensa. Um ano volvido, amigos e colegas prestam-lhe homenagem e reclamam a justiça que tarda.

A indignação pela morte da repórter foi exacerbada pelas cenas de violência no seu funeral em Jerusalém, quando a polícia israelita atacou os carregadores do caixão, quase o fazendo cair. O funeral, que reuniu dezenas de milhares de pessoas, foi considerado o maior funeral palestino em Jerusalém nos último 20 anos.

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