Gaza

Mais de 100 palestinos foram esta sexta-feira feridos na Faixa de Gaza pelas forças israelitas, que dispararam balas reais e de borracha contra os milhares de manifestantes que participavam na 67.a sexta-feira consecutiva da Grande Marcha do Retorno, informou o Ministério da Saúde do território.

Cinquenta dos feridos foram atingidos por balas reais e 52 outros por balas de aço revestidas de borracha. Entre os feridos contam-se quatro paramédicos e dois jornalistas.

Dezenas de manifestantes também sofreram os efeitos da inalação do gás lacrimogéneo disparado pelas forças israelitas.

Um soldado israelita aponta a arma a manifestantes palestinos em Kafr Qaddum, Cisjordânia ocupada, 12 de Julho de 2019

Um rapazinho palestino de 10 anos foi nesta sexta-feira atingido na cabeça por uma bala real disparada por forças israelitas durante o protesto semanal contra o Muro de separação em Kafr Qaddum, na Cisjordânia ocupada.

O pequeno Abdul-Rahman Yasser Shtewi foi levado pelo Crescente Vermelho Palestino para o Hospital Rafidia em Nablus. Segundo o Ministério da Saúde, o seu estado é crítico.

Morad Ashtwei, um dos promotores dos protestos contra o Muro, afirmou ao jornal israelita Haaretz que o rapazinho de 10 anos que foi gravemente ferido estava a seguir a manifestação apenas «por curiosidade» e «não estava a fazer mal a ninguém» quando foi baleado. O exército israelita «usa balas de borracha e outros meios perigosos» para ferir os participantes nos protestos, acrescentou.

Neste dia 8 de Julho, há cinco anos, Israel lançou uma das suas mais mortíferas ofensivas militares contra a Faixa de Gaza, que designou por «Operação Margem Protectora». A agressão causou 2251 mortos, 500 dos quais crianças, e mais de 11 000 feridos, segundo fontes palestinas e da ONU.

Nas primeiras 48 horas da operação, Israel lançou 400 toneladas de bombas sobre Gaza. Nas semanas seguintes, lançou cerca de 6000 ataques aéreos sobre o minúsculo território palestino, de apenas 365 km2.

A final da Taça da Palestina, que deveria disputar-se na Cisjordânia ocupada nesta quarta-feira, teve de ser adiada porque Israel negou a autorização de viagem aos jogadores de Gaza.
 
A segunda mão da final entre o Balata FC e Khadamat Rafah, vencedores das ligas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, não se pôde realizar na data marcada por «flagrante intervenção das autoridades de ocupação israelitas para negar aos palestinos o seu direito básico de jogar futebol», denunciou em comunicado a Associação de Futebol da Palestina.
 
«Os preparativos para a final da Taça da Palestina, que é uma das duas principais competições oficiais da Palestina», prossegue o comunicado, «foram finalizados há alguns dias, mas as autoridades de ocupação israelitas continuam a negar autorizações de entrada à delegação do Khadamat Rafah, sob o conveniente pretexto de "razões de segurança".» 
 

Pelo menos 79 palestinos foram feridos pelas forças israelitas, que mais uma vez abriram fogo contra os manifestantes desarmados que participavam na 63.ª sexta-feira consecutiva dos protestos da Grande Marcha de Retorno, ao longo da vedação com que Israel isola a Faixa de Gaza.

Segundo o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, entre os feridos encontram-se também paramédicos que prestavam assistência aos manifestantes.

As manifestações têm-se realizado semanalmente desde 30 de Março do ano passado, exigindo o fim do bloqueio à Faixa de Gaza, que dura desde 2007, e o direito dos refugiados palestinos de retornarem às suas casas, que foram forçados a abandonar durante a campanha de limpeza étnica que acompanhou a criação de Israel, em 1948.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, desde o início dos protestos as tropas israelitas já mataram pelo menos 305 palestinos e feriram mais de 17 mil pessoas.

Este Verão marca um aniversário importante, mas muitas vezes negligenciado, na história da Faixa de Gaza. Há trinta anos, em Junho de 1989, Israel impôs pela primeira vez um sistema de cartão magnético para restringir a saída de residentes palestinos. A quem tivesse sido negado um cartão seria impedida a saída.

Embora o bloqueio de Israel a Gaza seja frequentemente visto como uma resposta à ascensão do Hamas ao poder em 2006-2007, o isolamento do enclave remonta a três décadas atrás e, para muitos analistas, essa perspectiva histórica é essencial para entender os desenvolvimentos actuais.

«Eu acho que é extremamente importante olhar para o contexto mais amplo para entender o que está a acontecer hoje em Gaza», disse Tania Hary, directora executiva da ONG israelita de direitos humanos Gisha, à Al Jazeera.

As forças de ocupação israelitas mataram 29 palestinos, feriram outros 312 e prenderam 370 pessoas nos territórios palestinos ocupados durante o mês de Maio, informa um relatório da Organização de Libertação da Palestina divulgado na segunda-feira.
 
Segundo o relatório, 27 palestinos foram mortos nos ataques israelitas a Gaza, incluindo um paramédico, quatro mulheres e quatro crianças, enquanto dois «foram executados a sangue frio», alegadamente em resposta a tentativas de esfaqueamento e atropelamneto na Cisjordânia ocupada.
 
Durante o mesmo mês, o relatório assinala que 312 palestinos ficaram feridos em resultado da agressão israelita à Faixa de Gaza, da repressão dos protestos de Gaza e de ataques a manifestantes que foram «severamente espancados durante a detenção e como resultado da repressão de marchas pacíficas em zonas em risco de serem expropriadas para actividades de colonização».
 

Um paramédico palestino sucumbiu aos ferimentos causados por uma bala de borracha disparada pelas forças israelitas no mês passado, informou o Ministério da Saúde palestino.

Mohammed Sobhi Al-Jdeily, de 36 anos, que trabalhava para o Crescente Vermelho palestino, foi atingido por uma bala de borracha na sexta-feira 3 de Maio, enquanto desempenhava o seu trabalho humanitário durante uma das manifestações semanais junto à vedação com que Israel isola a Faixa de Gaza.

Al-Jdeily foi atingido pela bala de borracha no nariz, o que lhe provocou fracturas no crânio, informou o Crescente Vermelho. Morreu num hospital de Hebron, na Cisjordânia ocupada, e o seu corpo será transferido para Gaza para o funeral. Era pai de quatro filhos e morava no campo de refugiados de Bureij.

É o 306.º palestino a ser morto pelas forças israelitas nos protestos da Grande Marcha do Retorno, iniciadas em 30 de Março de 2018.

Na Faixa de Gaza, todos os meses pelo menos três menores ficam permanentemente deficientes em resultado da violência israelita, segundo dados da Organização Mundial de saúde (OMS).

O relatório da OMS, divulgado na passada sexta-feira e citado pelo site noticioso Middle East Monitor, refere dados recolhidos entre Março de 2018 e Março de 2019. No ano que passou, um total de 172 habitantes de Gaza foram feridos de tal forma que ficaram deficientes para toda a vida — 36 dos quais menores. Em média, é afectada uma pessoa dia sim dia não.

Ao fim de seis meses, uma mãe palestina de Gaza recebeu finalmente permissão das autoridades israelitas para regressar a Jerusalém para se juntar à filha, única sobrevivente de trigémeos.

Segundo o jornal israelita Times of Israel, citando o Canal 13, em Janeiro a mulher — cujo nome não foi divulgado —, grávida de trigémeos, deu entrada no hospital Makassed, em Jerusalém Oriental, para uma operação urgente. Entrou em trabalho de parto e deu à luz, mas dois dos gémeos, ambos meninos, morreram dias depois.

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