Economia e Recursos Naturais da Palestina

Milhares de pessoas manifestaram-se na sexta-feira 30 de Setembro no centro da capital da Jordânia, Amman, para protestar contra um contrato para a compra de gás israelita pela Jordânia. Os opositores ao acordo caracterizam-no uma concessão à «entidade sionista» e contrário aos interesses jordanos. O governo da Jordânia, em que mais de 60% da população é de origem palestina, foi acusado de assinar o negócio «à porta fechada» e contra os desejos da nação.
Este protesto é o quarto em quatro dias. Na quinta-feira, os serviços de segurança impediram uma outra manifestação em Irbid.
Durante a manifestação, convocada pela Campanha Nacional contra o Contracto do Gás com a Entidade Sionista, os participantes entoaram palavras de ordem como «O gás da ocupação é ocupação» e «O povo quer cancelar o contracto [do gás]».
A Parceria Portuguesa para a Água (PPA) promove uma sessão, no próximo dia 8 de Junho, sobre o tema «Gestão inovadora dos recursos hídricos – uma perspectiva israelita». É oradora a Professora Einat Magal e a sessão, que tem o patrocínio da Embaixada de Israel, tem lugar no auditório da ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos.
 
Em 2009, a EPAL celebrou um acordo de cooperação com a companhia das águas israelita Mekorot, com o objectivo de ambas «trocarem informação e conhecimento técnico» sobre questões como a da segurança e qualidade da água.
Tomando disso conhecimento através do site da Mekorot, um conjunto de organizações escreveu na altura à EPAL, lembrando-lhe que a ocupação da Palestina configura uma violação do direito internacional e informando-a que a Mekorot tem tido um papel fundamental na definição das políticas de usurpação e utilização das águas palestinianas e tem sido a principal executora de tais políticas. Pedíamos que, em consequência, a EPAL cancelasse o acordo.
A direcção da EPAL apenas nos respondeu que «Portugal mantém relações diplomáticas com o Estado de Israel e com a Palestina, o que, à partida, enquadra as relações de contactos e trocas de experiência entre empresas congéneres».

A Folha Informativa n.º 5 tem como tema central a questão do acesso aos recursos hídricos no território da Palestina e a forma como a espoliação deste recurso precioso por parte de Israel obedece a um plano que tem a sua origem no início da ocupação sionista.
Ao coarctar o legítimo direito à água, Israel está a utilizar esta arma silenciosa para forçar o povo palestino ao abandono da sua pátria, está a praticar um genocídio discreto.
Não podemos calar este crime; o silêncio é cumplicidade.

No Dia Mundial da Água denunciamos a pilhagem por Israel dos recursos hídricos da Palestina
A 22 de Março celebra-se o Dia Mundial da Água, definido pela ONU através da resolução A/RES/47/193 de 21 de Fevereiro de 1993. Nos Territórios Palestinos Ocupados (TPO), a luta pelo acesso à água é frequente, quotidiana. A água utilizada diariamente por cada palestino é muito inferior à recomendada pela Organização Mundial de Saúde como condição básica de vida (100 litros/dia). Mas a Palestina tem água suficiente. Tem nascentes, rios e lagos, e boas estações chuvosas: anualmente, em Jerusalém, chovem 537 mm de água, enquanto em Londres, no mesmo período, chovem 583,6 mm. O problema que se coloca não é, tanto, a existência de recursos hídricos nos TPO, mas sim a forma como são geridos.

Vítor Silva, neste extenso e bem documentado artigo sobre a questão da água na Palestina, começa por caracterizar a situação hídrica no território da Palestina histórica, descrevendo a sua geografia e mostrando como as populações autóctones souberam adaptar-se às condições existentes, na agricultura, no pastoreio, na vida doméstica.

As sucessivas vagas de imigração judaica alteraram o quadro: para satisfazer as necessidades dos colonos, o movimento sionista procurou, por todos os meios, apropriar-se dos recursos hídricos do território. Quando falhou a diplomacia, os sionista recorreram à força: guerras, ocupação, colonização. O projecto do «Grande Israel» precisava de água para crescer.

Os colonatos, instrumento da política de ocupação de Israel, são grandes consumidores de água, toda ela espoliada aos palestinos.

O Dia Mundial da Água é celebrado anualmente, desde 1993, por iniciativa das Nações Unidas, com o objetivo de chamar a atenção para a importância da água potável e para a necessidade de fazer uma gestão sustentável dos recursos hídricos.
 
Em muitos países do mundo, apela-se a uma utilização racional dos recursos postos à disposição dos seus habitantes. Mas, nos Territórios Ocupados da Palestina, a população tem um problema mais premente: o acesso, puro e simples, a água potável para o seu consumo diário.
 
O Seminário das Nações Unidas sobre a Assistência ao Povo Palestino, realizado no Cairo em 6 e 7 de fevereiro passado, chegou a estas conclusões:
 
— Os palestinos só têm acesso a 10% da capacidade do sistema de água da Cisjordânia, ao passo que Israel tem controlo completo sobre os aquíferos da região;
Entre 6 e 13 de Dezembro, centrada no Dia dos Direitos Humanos (10 de Dezembro), a EWASH Advocacy Task Force, representando mais de 30 organizações — ONG locais, ONG internacionais e Agências das Nações Unidas — que trabalham em Água, Saneamento e Higiene nos Territórios Palestinos Ocupados, promove uma campanha global de sensibilização pelo direito do povo palestino à água e ao saneamento básico. O MPPM, cumprindo o seu dever estatutário de informar sobre a questão palestina, associa-se a esta campanha consciente de que o problema da água, apesar de vital para os palestinos, merece muito pouca atenção dos meios de comunicação nacionais.
 
O direito à água e ao saneamento é uma questão crítica nos Territórios Palestinos Ocupados (TPO). A crise da água nos TPO tem sido recorrente ao longo de todo o período de ocupação:
 
Os moradores de Nablus, na Margem Ocidental ocupada, estão a sofrer uma crescente escassez de água, segundo um relatório ontem publicado pela organização israelita B'Tselem
«Este ano, devido à escassez de chuva, o rendimento dos furos na zona caiu entre 20% e 30%. Nos Verões anteriores, os residentes de Nablus recebiam água corrente uma vez a cada 5 a 8 dias. Este ano, o abastecimento caiu para uma vez a cada 10 a 14 dias, durante 12 ou 24 horas de cada vez. Os residentes são obrigados a comprar água engarrafada e água de autotanques a um custo elevado e a limitar o uso apenas a necessidades essenciais», relata o B'Tselem (Centro de Informação Israelita para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados).

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