Uma oliveira de Azinhaga acolhe as cinzas de José Saramago em Lisboa

No primeiro aniversário da sua morte, as cinzas de José Saramago foram depositadas por Pilar del Rio junto às raízes da oliveira que veio de Azinhaga do Ribatejo e agora está diante da Casa dos Bicos onde vai ficar instalada a sede da Fundação que perpetuará a memória do Nobel da Literatura.
Numa cerimónia sublinhada musicalmente pelo grupo de percussão Tocá Rufar, participaram a viúva, Pilar, e a filha, Violante, a escritora Lídia Jorge, a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, e o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa. 
A Direcção Nacional do MPPM assinalou o primeiro aniversário do falecimento de José Saramago nestes termos:
Há um ano éramos atingidos — o MPPM e, sobretudo, a sua grande causa e razão de ser, a Palestina — pela perda física da voz do mais eminente dos nossos fundadores, José Saramago.
Esta é uma evocação sentida e homenagem à sua memória.
A voz de Saramago — de alcance mundial pela arte da palavra, a clarividência do pensamento e o desassombro das posições — há muito se fazia ouvir em prol de duas maiores e incindíveis causas da humanidade; a libertação e a paz.
Saramago sempre quis juntar a sua voz lúcida, calorosa, firme, à de outros portugueses em iniciativas que abriram caminho ao MPPM — Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente — e, sobretudo, em defesa da vida e do futuro do povo palestino, heróico e mártir.
Foi assim com o abaixo-assinado «Não ao Muro de Sharon» (2004); com o documento fundador do MPPM (2005), em que se condenava «a imposição, pela força, de soluções unilaterais, todas as formas de terrorismo, tanto o terrorismo de estado como qualquer outro, todas as ocupações militares ilegítimas»; com o apelo contra a agressão israelita ao Líbano e a guerra (2006); com a moção de repúdio aos 40 anos de ocupação da Margem Ocidental do Jordão depois da Guerra dos Seis Dias (2007); com a denúncia da invasão israelita da Faixa de Gaza (2008) e com tantas outras iniciativas.
Com real emoção evocamos estas, entre inúmeras contribuições de uma vida tão plena de solidariedade e criatividade como foi a de José Saramago, para que, em Portugal e no Mundo, fosse mais bem defendida e tivesse a maior projecção a justíssima causa dos direitos inalienáveis do povo palestino e da paz no Médio Oriente.
Hoje, mais do que nunca, o exemplo, a lição, a obra e o legado de José Saramago são da maior actualidade e exigência. Ele vive e viverá na continuidade da sua — e nossa — luta pela libertação do povo palestino, por uma humanidade liberta da opressão, por um mundo em paz.
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