Três activistas espanholas acusadas judicialmente por solidariedade com o povo palestino

Três activistas espanholas solidárias com a causa palestina são alvo de um processo judicial movido pela Audiencia Nacional por recolherem fundos para o povo palestino. Como se pode ler no Manifiesto Contra la criminalización de la solidaridad con el pueblo palestino, Ángeles Maestro e mais duas companheiras são acusadas de colaboração com organização terrorista, baseada na recolha de fundos com destino à reconstrução de instalações de saúde destruídas pelo exército israelita, que além disso causou milhares de mortos e de feridos em 2014 e 2015.

Os donativos económicos recolhidos foram entregues a representantes do povo palestino. No primeiro caso, à dirigente palestina Leila Khaled. No segundo caso, a representantes da Autoridade Nacional Palestina.

O pretexto apresentado para o processo judicial é a entrega de fundos a Leila Khaled — que nessa altura visitou diversas cidades espanholas, sendo inclusivamente recebida por representantes institucionais —, por a organização de resistência a que pertence, a Frente Popular para a Libertação da Palestina, ser considerada pela UE uma organização terrorista.

As penas previstas no Código Penal vão de dois a dez anos de prisão e multas no valor de três vezes os valores enviados.

Leila Khaled é um símbolo da resistência do seu povo e é frequentemente convidada para deslocações a Espanha por municípios como Barcelona e Madrid e por instituições académicas e sociais. Nessas visitas ela fez declarações públicas em defesa da luta do povo palestino contra a ocupação israelita, sem que sua actividade tivesse sido de alguma forma impedida.

Aliás, Leila Khaled também realizou uma visita a Portugal, em 2014, tendo sido uma das participantes palestinas no Seminário Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino organizado pelo MPPM.

Nessa ocasião, no dia 28 de Novembro, Leila Khaled e os restantes representantes palestinos foram recebidos na Assembleia da República, onde tiveram reuniões com o Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Palestina, com o Grupo Parlamentar do Partido Comunista Português, com o Grupo Parlamentar do Partido Ecologista Os Verdes, com o Grupo Parlamentar do Partido Social-Democrata, com o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda e com o Grupo Parlamentar do Partido Socialista.

A decisão da Audiência Nacional espanhola de levar por diante o processo contra as três activistas — assim como a perseguição a membros e instituições do movimento Boicote, Desinvestimento Sanções (BDS) do país vizinho — não pode deixar de ser considerada um ataque aos legítimos sentimentos de solidariedade de largos sectores da sociedade espanhola com o povo palestino.

Não só em Espanha mas por toda a Europa vem-se assistindo a um avanço ameaçador das tentativas de criminalização da solidariedade com o povo palestino. Trata-se de um inaceitável ataque à liberdade de expressão e de crítica à política do Estado de Israel, que vê assim reforçada a escandalosa impunidade de que gozam os seus crimes.

As activistas espanholas alvo de perseguição pelos seus actos de solidariedade merecem toda a simpatia e apoio dos amigos da causa palestina também em Portugal.

 

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