Solidariedade com a Palestina amordaçada em França

No seguimento do clima de terror que se vive em Jerusalém Leste e em Gaza, onde a lista de mortos cresce diariamente, inúmeras eram as manifestações de solidariedade ao povo palestino que se preparavam em França.

Entretanto, a Prefeitura da Polícia de Paris emitiu uma ordem na quinta-feira 13 de Maio para proibir a manifestação de apoio ao povo palestino prevista para sábado, em conformidade com um pedido feito anteriormente pelo Ministro do Interior, Gérald Darmanin.

A marcha, marcada para este sábado às 15 horas desde Barbès (18º bairro) até à Praça da Bastilha, é organizada pela Associação dos Palestinos na Ile-de-France
«Pedi ao prefeito da polícia para proibir as manifestações de sábado relacionadas com as recentes tensões no Médio Oriente», escreveu o ministro do Interior no Tweeter, dando como justificação as «graves perturbações da ordem pública observadas em 2014».

Em toda a França, «foram dadas instruções aos prefeitos para serem particularmente vigilantes e firmes», escreveu o ministro Darmanin num telegrama enviado a todos os prefeitos, em que lhes pediu que «mobilizassem os serviços de informações» para «monitorizar estes movimentos» e «antecipar os riscos de transbordamento".

Na passada quarta-feira 12 de Maio, o presidente da Association France Palestine Solidarité (AFPS), Bertrand Heilbronn, foi preso ao sair de uma reunião no Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros, reunião onde também participavam representantes sindicais bem como uma comitiva parlamentar, sobre precisamente o desenrolar das manifestações.

A saída da reunião no Ministério, foi conduzido algemado a uma esquadra de polícia para prestar declarações. Foi libertado umas horas depois. Alguns sindicalistas presentes foram multados.

Em França está em causa a liberdade de reunião, de expressão e de associação, e a solidariedade com povos oprimidos, e em especial com a Palestina, é criminalizada.

Mas a situação actual não é inédita.

Recordamos a decisão histórica do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) que deliberou, em 11 de Junho de 2020, por unanimidade, condenar a França por violação do artigo 10º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, sobre a liberdade de expressão, revertendo a decisão do Supremo Tribunal francês que tinha condenado 11 activistas do movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções) acusados de «incitamento à discriminação económica de pessoas com base na sua pertença a uma nação».


Foto: Bertrand Heilbronn, Presidente da AFPS

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