Sete palestinos mortos, 12 feridos em ataque israelita a túnel em Gaza

Sete palestinos foram mortos e outros 12 ficaram feridos ontem, 30 de Outubro, quando forças israelitas fizeram explodir um túnel entre o Sul da Faixa de Gaza e Israel, noticiam fontes palestinas e israelitas.
O Ministério da Saúde palestino declarou oficialmente a morte de sete palestinos, todos combatentes dos ramos armados dos movimentos Hamas e Jihad Islâmica em Gaza.
Após a explosão, a comunicação social israelita relatou que o Exército de Israel realizara uma «detonação controlada» na área perto da Faixa de Gaza, dizendo que a actividade foi pré-planeada.
O site israelita Ynet News disse que o túnel ainda não estava operacional. Porém, após matar sete palestinos e ferir outros doze, o porta-voz do Exército israelita teve a ousadia de declarar, segundo o jornal israelita Haaretz, que «Israel não procura uma escalada e não tem interesse num conflito militar em Gaza».
O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman afirmou que o túnel «prova que, apesar da reconciliação palestina, a Faixa de Gaza continua a ser um reino de terrorismo. No que nos diz respeito, a responsabilidade (pelo túnel) é sem dúvida do Hamas, que governa Gaza».
Porém, o túnel seria antes da responsabilidade das Brigadas de Al-Quds, a ala armada do movimento Jihad Islâmica, que anunciaram que Arafat Abu Murshid, o seu comandante no centro de Gaza, fora morto no túnel juntamente com um seu adjunto e outros militantes. Dois membros das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, a ala armada do Hamas, terão morrido ao tentar resgatar os militantes das Brigadas Al-Quds encerrados no túnel bombardeado.
O movimento Jihad Islâmica afirmou numa declaração que os túneis eram «parte da política de dissuasão para defender o povo palestino» e descreveu a agressão de Israel como «uma tentativa de confundir a cena política na arena palestina», alertando que não hesitará em responder aos crimes de Israel.
Por seu lado, Ismail Haniyeh, dirigente máximo do Hamas, falando hoje no funeral das vítimas, denunciou o «massacre perpetrado pelas forças de ocupação israelitas» e acrescentou: «O nosso arsenal de resistência é uma linha vermelha e quem se atrever a cruzá-la receberá a resposta devida.» Afirmou ainda que a melhor resposta às agressões israelitas contra os palestinos é reforçar a unidade nacional e cessar a cooperação de segurança da Autoridade Palestina com Israel.
Não havendo nenhum risco iminente para Israel, já que o túnel não estava terminado, a escolha do momento do ataque não é certamente casual. Pelo contrário, repete um guião já numerosas vezes seguido no passado. Ao fim de dez anos de dura rivalidade, está finalmente em curso um processo de reconciliação entre o Hamas, que tem governado a Faixa de Gaza, e o movimento Fatah, que dirige a Autoridade Palestina sedeada em Ramala, na Margem Ocidental ocupada. A divisão convém a Israel, que tem criticado a reconciliação, e este ataque tem o objectivo transparente de suscitar uma resposta armada por parte das facções palestinas, dando a Israel um pretexto para frustrar o processo, possivelmente com um novo ataque em larga escala contra a Faixa de Gaza.
A Faixa de Gaza, onde residem dois milhões de pessoas, tem estado submetida a um cerco sufocante desde há dez anos, com consequências nas suas condições de vida de tal modo dramáticas que a ONU já afirmou que em 2020 o território deixaria de ser apropriado para a habitação humana.
 
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