Rapaz palestino de Jerusalém pode perder os olhos após ser alvejado por polícia israelita

Um rapazinho palestino de nove anos foi atingido no rosto com uma bala de aço revestida de esponja disparada por um polícia israelita, no sábado passado, no bairro de Isawiyah, em Jerusalém Oriental ocupada.

O pequeno Malek Issa está hospitalizado em estado grave. Segundo a família, os médicos dizem que é muito provável que perca um dos olhos e possivelmente os dois, e que é possível que tenha sofrido lesões cerebrais.

Malek Issa, que tinha acabado de descer do autocarro com as irmãs mais novas, vindo da escola, entrou numa loja para comprar uma sandes e foi atingido a tiro quando vinha a sair.

No momento em que a polícia abriu fogo não havia protestos violentos nem estavam a ser atiradas pedras, afirma o seu pai, Wahel Issa, citado pelo jornal israelita Haaretz: «No local em que desceram [do autocarro], a polícia estava a tentar levar alguém e reuniu-se muita gente. Não estavam a ser atiradas pedras nem nada. A polícia viu muitas pessoas e atirou. O menino recebeu a bala entre os olhos.»

Imagens filmadas da cena corroboram as afirmações da família e não mostram actividades anormais nos momentos anteriores ao disparo.

O polícia que disparou sobre Malek afirma que não o visou, mas sim uma parede para calibrar a mira, e que pensou que o rapazinho fora atingido por uma pedra atirada por um palestino.

Esta versão é rejeitada pelo pai, que afirma que o polícia claramente visou o pequeno Malek. «Não foi um erro. O polícia sabia que estava a visar entre os olhos a uma curta distância. Foi 100% intencional», declarou ele ao sítio Middle East Eye.

Centenas de palestinos de Jerusalém Oriental foram feridos por balas com ponta de esponja disparadas pela polícia israelita nos últimos anos, e dezenas perderam os olhos, enquanto outros perderam a visão em resultado de um tiro, relata o Haaretz. Em 2014, a polícia trocou as balas com ponta de esponja azul, mais macias, por balas pretas mais duras, que causam ferimentos mais graves.

Nenhum polícia israelita foi acusado de disparar ilegalmente balas com ponta de esponja, apesar de os regulamentos policiais proibirem o uso de balas com ponta de esponja contra menores e o seu disparo contra as artes superiores do corpo.

A actividade policial israelita no bairro de Isawiya traduz-se em frequentes incursões e na prisão de centenas de pessoas. Os moradores afirmam que a actividade policial degradou seriamente a vida diária e constitui uma punição colectiva.

Segundo Mohammed Abu al-Homs, membro de um comité comunitário de Issawiya, as forças israelitas têm tido alguma presença no bairro todos os dias nos últimos 10 meses. «A pressão constante sobre nós», declarou ele ao Middle East Eye, «faz parte de uma política contínua da ocupação contra todo o povo de Jerusalém.»

Foto cedida pela família

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