Novo governo anexionista de Israel tomou hoje posse

Um governo de coligação liderado por Benjamin Netanyahu, do Likud, e que integra membros do parido Azul e Branco, de Bruno Gantz, e do Partido Trabalhista, foi hoje aprovado no Knesset com 73 votos a favor e 46 contra.

Netanyahu, que deverá começar a ser julgado por corrupção, fraude e abuso de confiança dentro de uma semana, comprometeu-se a transferir o poder para Bruno Gantz dentro de 18 meses.

No seu discurso inaugural, Netanyahu reiterou o seu plano de anexação da Cisjordânia: «Chegou a altura de aplicar a soberania [de Israel] às comunidades judaicas na Judeia e em Samaria. Isto não nos afastará da paz. Isto torná-la-á mais próxima. Estes colonatos serão parte de Israel em qualquer cenário». E apelou à coesão do bloco sionista: «É tempo que que quem acredita nos nossos direitos à Terra de Israel se juntar a um governo por mim liderado para, juntos,  levarmos a termo um processo histórico.»

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, apressou-se a exprimir a sua satisfação pela formação do novo governo: «Nós somos muito afortunados por ter parceiros tão fortes e experientes em Jerusalém e vamos trabalhar em conjunto para fazer avançar a segurança e prosperidade dos nossos povos».

A Internacional Socialista (IS) criticou a participação do Partido Trabalhista neste governo: «A decisão do Partido Trabalhista de Israel de integrar um governo que se propõe actuar de tal modo [‘expandir os colonatos e anexar largas porções dos territórios palestinos ocupados e do Vale do Jordão numa tentativa de pôr termo, permanentemente, à perspectiva de um estado palestino independente baseado nas fronteiras de 1967’] vai contra os princípios da IS, que requer dos seus membros que apoiem as acções internacionais em favor da paz, tolerância, diálogo, compreensão e cooperação entre os povos. A IS lamenta profundamente que um partido com uma longa e rica história na família global dos partidos socialistas, social-democratas e trabalhistas tenha escolhido um caminho que contradiz os seus valores e posições fundamentais, prejudicando as perspectivas de paz no Médio Oriente.»

Yair Lapid, do partido Yesh Atid (‘Há um Futuro’), dirigiu uma crítica violenta aos seus antigos companheiros do partido Azul e Branco, Bruno Gantz and Gabi Ashkenazi, que agora integram o novo governo: «Dois chefes de Estado Maior das Forças Armadas de Israel renderam-se a um homem acusado de três crimes graves. Vocês estão a jurar lealdade a um homem que, dentro de uma semana, começa a ser julgado por abuso de confiança, corrupção e fraude. No mundo real, vocês não deixariam os seus filhos brincar com um homem como este. Mas nesta casa [Knesset] ele é o primeiro-ministro.»

Os planos anexionistas de Netanyahu, agora com respaldo de Bruno Gantz, são apoiados pela administração norte-americana, mas têm a condenação generalizada da comunidade internacional.

Foto: Netanyahu apresenta plano para anexação do Vale do Jordão (10 Setembro 2019)

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