MPPM condena veementemente agressão israelita contra Gaza e alerta para graves consequências para a paz na região e no mundo

COMUNICADO 06/2012
O Estado de Israel colocou em marcha, desde o passado dia 14 de Novembro, uma ofensiva militar contra a martirizada população palestina da faixa de Gaza que, além da sua natureza ilegal e criminosa, constitui, no actual quadro político internacional, uma séria ameaça à paz que urge travar.
 
Para além do bloqueio criminoso imposto sobre a região, Israel nunca deixou, desde a chacina provocada pela campanha militar empreendida entre Dezembro de 2008 e Janeiro de 2009, de efectuar contínuas incursões na faixa de Gaza, em escala e intensidade diversas, mas de consequências sempre devastadoras para aquela população. Assim, por exemplo, de acordo com dados do Centro Palestino para os Direitos Humanos, só no ano de 2011, os ataques de Israel contra Gaza provocaram um total de 108 mortos, entre eles 15 crianças e mulheres, e 468 feridos, dos quais 143 eram mulheres e crianças. Segundo a mesma fonte, já durante este ano de 2012, e no mês de Setembro, os ataques israelitas sobre a faixa de Gaza provocaram 55 mortos e 257 feridos; cerca de vinte por cento do total destas vítimas são mulheres ou crianças. Desde o seu início, e até meio do dia 18 de Novembro, a presente ofensiva israelita já tinha provocado 51 mortos - entre os quais 5 mulheres e 10 crianças - e 535 feridos, dos quais, 140 são crianças e 83 são mulheres.
 
A acção militar israelita em curso, prolongando e acentuando um padrão contínuo de actuação de Israel em relação à população palestina, apresenta-se, ao mesmo tempo, pela violência e dimensão dos recursos envolvidos, como uma operação de larga escala só possível ao cabo de um planeamento cuidado e atempado, e com a cobertura dos EUA. O assassinato, por Israel, do dirigente do Hamas Ahmed al-Jabari, justamente quando este participava, através da mediação egípcia, na negociação de uma trégua nos confrontos, constitui um acto premeditado e que visava, afinal, boicotar essa negociação e provocar uma escalada no conflito.
 
Mesmo que os seus contornos e objectivos não sejam ainda totalmente claros, a ofensiva militar israelita em curso não pode ser dissociada dos esforços de Israel - acompanhados pelos Estados Unidos da América e boa parte dos países da União Europeia - no sentido de boicotar a iniciativa da OLP de propor a elevação do estatuto da representação diplomática da Palestina na Organização das Nações Unidas. Ao mesmo tempo, e a exemplo do que se verificou durante a brutal campanha de Dezembro de 2008 e Janeiro de 2009, a operação militar israelita ocorre escassos meses antes da realização de eleições em Israel e, nessa medida, apresenta-se como uma acção que visa condicionar a opinião pública israelita e favorecer o reforço das forças xenófobas e de extrema-direita que hoje controlam o governo daquele país.
 
Além de prosseguir os objectivos de repressão sobre o povo palestino, e de prolongamento da ocupação dos seus territórios, a operação militar israelita em curso encerra gravíssimos perigos para a paz no mundo. No momento em que se acentua a ingerência das potências ocidentais no conflito interno na Síria, a ofensiva contra Gaza não pode ser desligada dos ataques israelitas lançados desde há dias contra território sírio, assim como das ameaças e actos de hostilidade de Israel contra o Irão. Neste quadro, a escalada da agressão israelita contra Gaza pode precipitar a região e o mundo num conflito generalizado de dimensões e consequências imprevisíveis e sem precedentes.
 
Neste quadro, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente condena com veemência a ofensiva militar israelita contra o povo palestino na faixa de Gaza e expressa toda a sua solidariedade com a luta daquele povo pela sua liberdade e contra a brutal repressão de que está a ser vítima. O MPPM alerta para os graves perigos que esta ofensiva encerra para a paz no mundo e exige uma posição clara do Governo Português, consentânea com os princípios e valores da Constituição da República Portuguesa a cujo respeito está obrigado, no sentido da condenação desta agressão e na defesa do exercício do legítimo direito do povo palestino à sua autodeterminação. O MPPM apela à opinião pública para que se mobilize e faça ouvir a sua voz, no repúdio de mais esta agressão militar, e na defesa da paz e do direito do povo palestino à liberdade.
 
Esta ofensiva sionista e o consequente agravamento da situação do povo palestino acrescentam actualidade e importância ao conjunto de iniciativas que o MPPM organiza no quadro das Jornadas de Solidariedade com a Palestina 2012, que se iniciaram no passado dia 15 de Novembro e vão concluir-se no dia 29 de Novembro, com uma sessão na Casa do Alentejo, pelas 18.30 horas, por ocasião do Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino. Em cada uma dessas acções não deixaremos de expressar o nosso mais vivo respeito e admiração pelo exemplo único de resistência contra a barbárie e de luta pela liberdade que o povo palestino oferece a todo o mundo. Ao mesmo tempo, o MPPM não deixará de procurar, juntamente com outras organizações e movimentos, a convergência de esforços no sentido de dar força e expressão pública à solidariedade, em Portugal, com a luta do povo palestino.
 
Lisboa, 18 de Novembro de 2012
Direcção Nacional do MPPM
 
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