MPPM condena início do «Giro d'Italia» em Israel

COMUNICADO 01/2018

O Giro d'Italia, uma das mais prestigiadas provas do ciclismo internacional, terá este ano o seu início em Israel, em 4-7 de Maio.

O MPPM junta-se ao «Apelo Internacional: Deslocalizar a “Grande Partida” do Giro d'Italia de Israel» e à jornada de protesto internacional que tem lugar no dia 10 de Março, condenando esta operação de branqueamento de Israel.

Os organizadores do Giro d'Italia estão deste modo a colaborar nas «celebrações» do 70.º aniversário da fundação de Israel. As próprias autoridades israelitas não escondem que se trata de uma grande operação de cosmética política, de «normalização» do Estado de Israel.

Mas Israel não é um país «normal», é antes o único país do mundo que não declara as suas fronteiras, o país que mais resoluções da ONU violou e viola, gozando de inaceitáveis cumplicidades e complacências.

Israel está fundado sobre uma deliberada e impiedosa limpeza étnica, e quando Israel celebra os seus 70 anos, o povo palestino recorda com dor os 70 anos da Nakba, a catástrofe que constituiu a expulsão da sua terra natal de mais de 700 000 palestinos, muçulmanos e cristãos, ainda hoje impedidos de regressar.

Israel continua a ocupar ilegalmente há mais de 50 anos os territórios palestinos da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e de Jerusalém Oriental e pratica sobre a sua população uma repressão impiedosa, que se saldou em milhares de mortos e centenas de milhares de presos. Israel recusa devolver às suas famílias os corpos de centenas de palestinos mortos pelas suas forças repressivas. Israel prossegue a construção de um ignominioso Muro que rouba território palestino, separa populações dos seus terrenos de cultivo e impede a livre movimentação dos palestinos na sua própria terra. Violando a IV Convenção de Genebra e resoluções da ONU, mais de 600.000 colonos israelitas residem em centenas de colonatos localizados no território palestino ocupado, cuja anexação de facto ou mesmo formal está em curso. Israel mantém há mais de dez anos um criminoso bloqueio da Faixa de Gaza, colocando a sua população à beira da catástrofe humanitária. Israel, que se afirma «a única democracia do Médio Oriente», só confere direitos plenos aos seus cidadãos judeus, discriminando através de uma série de leis os cidadãos palestinos de Israel.

O Giro d'Italia tem marcado o seu início para Jerusalém, cuja parte oriental é, à luz do direito internacional, território ocupado. A recente decisão dos Estados Unidos de reconhecer Jerusalém como capital de Israel não pode alterar este facto, ainda que suscite fundado repúdio, para mais considerando a continuada limpeza étnica da população palestina visando a completa judaização da cidade.

Não, Israel não é um país «normal», o desporto não pode servir para branquear a ocupação e opressão do povo palestino, e nem os 10 milhões de euros que os organizadores do Giro d'Italia terão recebido para aí iniciar a prova o podem esconder.

O MPPM considera inaceitáveis todas as tentativas de «normalização» dos crimes de Israel e apela a que nenhum ciclista português participe nesta operação de branqueamento da realidade brutal da limpeza étnica, da ocupação e da discriminação praticadas por esse país.

O MPPM reafirma a sua solidariedade com o povo palestino na luta pelos seus inalienáveis direitos nacionais, pela edificação do Estado da Palestina livre, independente, soberano e viável nas fronteiras anteriores a 1967, com capital em Jerusalém Oriental, com uma solução justa para a situação dos refugiados palestinos nos termos do direito internacional e das resoluções pertinentes das Nações Unidas.

Lisboa, 10 de Março de 2018
A Direcção Nacional do MPPM

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