MPPM assinala Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino com sessão em Lisboa

Por iniciativa do MPPM, com a cooperação da Casa do Alentejo que, uma vez mais, cedeu as suas instalações, assinalou-se ontem o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino numa sessão em que intervieram o Embaixador da Palestina, Nabil Abuznaid, Carlos Almeida, Vice-Presidente do MPPM, Solange Pereira, Presidente Nacional da Juventude Operária Católica, e José Goulão, jornalista especializado em política do Médio Oriente.

Solange Pereira centrou a sua intervenção na problemática dos migrantes e refugiados, vítimas de guerras, agressões e exploração económica, refutando os preconceitos de que frequentemente são objecto nos países de acolhimento. Apelou à solidariedade com estas populações, referindo que a própria igreja católica tem um exemplo a dar. Numa nota complementar, Carlos Almeida referiu que, ainda hoje, os palestinos constituem a maior e mais antiga comunidade de refugiados do mundo.

José Goulão enfatizou a forma como os Estados Unidos e Israel fazem tábua-rasa dos tratados, convenções e direito internacional. Perante a ofensiva do eixo Estados Unidos, Israel e Arábia Saudita, os palestinos estão praticamente isolados. A União Europeia serve, objectivamente, os interesses de Israel. A Rússia e a China têm as suas agendas próprias que podem ou não coincidir com os interesses dos palestinos. Resta a estes a solidariedade internacional.

O Embaixador Nabil Abuznaid começou por uma referência aos presos palestinos e um agradecimento à solidariedade portuguesa. Numa análise abrangente da situação do povo palestino, lamentou o esquecimento a que este está votado na maior parte do tempo, com a atenção da aliança Estados Unidos – Israel focada no Irão. Agradeceu o apoio humanitário da comunidade internacional à Palestina, mas recordou que, de acordo com o direito humanitário internacional, essa é obrigação da potência ocupante. Lamentou que as expressivas votações na ONU não se traduzam no efectivo reconhecimento do Estado da Palestina.

Carlos Almeida recordou o significada da data que se celebrava e passou a descrever a situação que se vive na Palestina, com particular destaque para a Faixa de Gaza, uma vez mais vítima de uma agressão israelita, lembrando que as Nações Unidas tinham considerado que, a partir de 2020, o território não teria mais condições de habitabilidade. Lamentou que recomendações e votos de solidariedade aprovados na Assembleia da República ou os votos favoráveis de Portugal na ONU, não tenham eco na política do governo português para coma Palestina. Pelo contrário, como denunciou, Portugal está prestes a adquiri material de guerra electrónica a Israel par os novos aviões da FAP, pelo que propôs uma campanha de organizações portuguesas reclamando a anulação deste negócio, citando o sucesso de campanhas anteriores contra a associação da EPAL à Mekorot e o envolvimento da Polícia Judiciária no projecto LawTrain.

Em 29 de Novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou a resolução 181 (II) que preconizava a partilha da Palestina em dois Estados - um judaico e um árabe - com um estatuto especial para Jerusalém, mas que jamais foi cumprida no que respeita à criação do Estado Palestino. Por isso, em 1977, 30 anos depois, a Assembleia Geral da ONU adoptou a resolução 32/40B que apelava à celebração do dia 29 de Novembro como o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina. É em resposta a este apelo que o MPPM realiza, anualmente, no mês de Novembro, as Jornadas de Solidariedade com a Palestina, com iniciativas de carácter político e cultural.

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