MPPM assinala Dia da Terra Palestina

Celebra-se hoje, 30 de Março, o Dia da Terra Palestina. Nesta data, em 1976, forças repressivas israelitas mataram seis palestinos cidadãos de Israel que protestavam contra a expropriação de terras propriedade de palestinos, no Norte do estado de Israel, para aí instalar comunidades judaicas.

Cerca de 100 pessoas ficaram feridas e centenas foram presas durante a greve geral e nas grandes manifestações de protesto que, nesse dia, ocorreram em diferentes localidades palestinas no território de Israel.

Desde então, a data é celebrada como o Dia da Terra Palestina, simbolizando a determinação dos palestinos — de ambos os lados da Linha Verde, nos campos de refugiados e na diáspora — de preservar a sua história e de defender a sua terra como elemento essencial da sua identidade e da sua própria existência como povo.

Quarenta e cinco anos volvidos, a situação do povo palestino não melhorou, antes se agrava todos os dias. Israel intensifica a colonização dos territórios ocupados em 1967, com recurso à coacção e à violência, ao mesmo tempo que prossegue a limpeza étnica da população palestina em toda a Palestina Histórica.
Israel tem gozado da mais absoluta impunidade, tendo, até, um estatuto privilegiado no relacionamento com a União Europeia. Mas, pesem embora as acções e omissões da comunidade internacional, Israel não é um Estado «normal».

Videoconferência

O MPPM assinalou ontem a data, numa iniciativa conjunta com a UPP – Universidade Popular do Porto e com o CPPC – Conselho Português para a Paz e Cooperação, com uma videoconferência moderada por Kátia Castro, da Direcção da UPP, e em que intervieram Jorge Cadima, da Direcção Nacional do MPPM e Ilda Figueiredo, Presidente do CPPC.

A sessão iniciou-se com a exibição do documentário Como foi colonizada a Palestina, realizado por Abby Martin para a Telesur, que passa em revista a longa história da colonização sionista, da expansão territorial e da expulsão dos habitantes autóctones da Palestina.

Jorge Cadima

Jorge Cadima iniciou a sua intervenção recordando os esforços que os Palestinos têm feito para se encontrar uma solução pacífica para a questão palestina, mas que têm deparado com reiteradas violações dos acordos por parte de Israel, com a ocupação brutal e a fragmentação do território palestino, fazendo recordar os bantustões da África do Sul do apartheid.

Disse que não se justifica o optimismo com que foi encarada a substituição de Trump por Biden na presidência dos Estados Unidos: mantém a embaixada norte-americana em Jerusalém e não recuou no reconhecimento da anexação dos Montes Golã por Israel.

A compreensão da situação actual é indissociável do contexto histórico em que se insere a luta pelo controlo dos recursos do Médio Oriente. E se a criação do Estado de Israel vem na sequência da Segunda Guerra Mundial, os planos de ocupação do Médio Oriente começaram a ser traçados na Primeira (promessas de McMahon aos Árabes, promessas de Lorde Balfour aos Judeus, acordo franco-britânico Sykes-Picot).

Jorge Cadima mostrou então vários documentos que comprovam manobras de desestabilização em vários países do Médio Oriente, nomeadamente envolvendo a CIA e o MI5, e até um plano para assassinar Yasser Arafat.

Enalteceu a capacidade de resistência do heróico povo palestino a quem a comunidade internacional não cessa de fazer promessas para logo de seguida as trair.

Denunciou a campanha internacional para criminalizar a solidariedade com o povo palestino e as críticas ao Estado de Israel sob o falso pretexto do anti-semitismo.

Terminou recordando o apelo lançado pelo MPPM dirigido à presidência portuguesa do Conselho da União Europeia para que reconheça o Estado da Palestina nos termos do direito internacional e das resoluções relevantes das Nações Unidas, e para que desenvolva uma acção junto dos outros Estados Membros para que ajam no mesmo sentido, o qual contou com a adesão inicial de um número significativo de individualidades representativas dos mais variados sectores da vida portuguesa e que está aberto a subscrição pública aqui.

Ilda Figueiredo

Ilda Figueiredo também considera que a política de Biden para o Médio Oriente está a ser a continuação da de Trump. Além da manutenção da embaixada em Jerusalém, recordou a cedência feita a Marrocos, de reconhecer a sua soberania sobre o Sara Ocidental como contrapartida pelo reatamento das relações com Israel, e a não condenação das agressões de Israel contra a Síria.

Frisou que a questão palestina não pode ser dissociada do que se passa noutros países da região: o Líbano e a Síria, mas também o Irão e a Líbia, e o Iémen alvo da agressão da Arábia Saudita.

Para ilustrar a sujeição da ONU a Israel, e não o inverso, citou um episódio ocorrido numa deslocação integrada numa delegação do Parlamento Europeu em que foram impedidos, por soldados da ONU, de tirar fotografias nos Montes Golã porque «os soldados israelitas estavam a ver».

Considera que, para continuar a manter o controlo, vindo dos tempos coloniais, sobre a exploração dos recursos naturais da região, há um conluio entre os Estados Unidos e países da União Europeia.

Focando-se na ocupação, recordou que o Muro está construído 85% dentre de território palestino e referiu as enormes carências nos campos de refugiados agravadas pelo corte de Trump ao financiamento da UNRWA.

Considerou que, especialmente em tempo de pandemia, é inadmissível e merecedora de viva repulsa a manutenção de boicotes e sanções.

Ilda Figueiredo recordou a realização do Encontro pela Paz, em Setúbal, em 5 de Junho, promovido pelo CPPC e mais 11 organizações, entre as quais o MPPM.

Anunciou também dois actos públicos, em 14 de Abril, em Lisboa, no Martim Moniz, e em 15 de Abril, no Porto, junto à Casa da Música, ambos às 18 horas. O tema é a luta pela Paz, contra os bloqueios e ocupações, e para recordar ao governo português o seu dever de respeitar, não só o direito internacional e as resoluções da ONU, mas também a Constituição da República.

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