Milhares manifestam-se em Amman contra contrato de compra de gás a Israel

Milhares de pessoas manifestaram-se na sexta-feira 30 de Setembro no centro da capital da Jordânia, Amman, para protestar contra um contrato para a compra de gás israelita pela Jordânia. Os opositores ao acordo caracterizam-no uma concessão à «entidade sionista» e contrário aos interesses jordanos. O governo da Jordânia, em que mais de 60% da população é de origem palestina, foi acusado de assinar o negócio «à porta fechada» e contra os desejos da nação.
Este protesto é o quarto em quatro dias. Na quinta-feira, os serviços de segurança impediram uma outra manifestação em Irbid.
Durante a manifestação, convocada pela Campanha Nacional contra o Contracto do Gás com a Entidade Sionista, os participantes entoaram palavras de ordem como «O gás da ocupação é ocupação» e «O povo quer cancelar o contracto [do gás]».
No campo de refugiados Mártir Azmi Al-Musfti, no Norte do país, os refugiados palestinos desligaram a electricidade durante uma hora em sinal de rejeição do contracto.
Na passada terça-feira, 27 de Setembro, a National Electric Power Company (NEPCO) jordana assinou um contrato de importação de Israel de 45 mil milhões de metros cúbicos de gás natural. O contrato foi assinado com a Noble Energy, de propriedade estado-unidense, que possui 39% do campo de gás Leviathan.
A Campanha Nacional contra o Contrato do Gás com a Entidade Sionista acusa o governo de práticas antidemocráticas. Em Dezembro de 2014 o parlamento votou contra o contrato, mas este foi aprovado durante o período de vacatura parlamentar que precedeu as eleições legislativas de Setembro. O governo declarou que agora não precisa de aprovação parlamentar, porque se trata de um acordo entre duas empresas e não entre Estados. Porém, embora formalmente privada, a NEPCO é totalmente de propriedade estatal.
A campanha, uma ampla aliança de grupos da sociedade civil, activistas, juristas e grupos políticos, está a intensificar os protestos contra o contrato, apesar de já assinado. Deputados de diferentes tendências políticas pronunciaram-se contra o contrato, afirmando que a «normalização [das relações com Israel] é inaceitável em todas as suas formas”.
A campanha calcula que 56% do negócio (5,6 mil milhões de dólares, cerca de 5 mil milhões de euros) e cerca de 40% das contas da electricidade pagas pelas famílias jordanas irão directamente para os cofres do governo israelita.
Grande parte dos jordanos vêem Israel como um «Estado inimigo» devido à sua ocupação da Palestina, em contraste com a cooperação militar, diplomática e económica do governo jordano com Israel após o acordo de «paz» de Wadi Araba, que em 1994 normalizou as relações entre os dois países e se tornou o primeiro acordo oficial a negar de facto o direito de retorno dos refugiados palestinos.
 
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