Milhares de mulheres manifestam-se junto à vedação de Gaza, centenas são feridas pelas forças israelitas

Milhares de mulheres palestinas manifestaram-se na tarde da passada de terça-feira perto da vedação que isola a Faixa de Gaza cercada de Israel, reclamando o direito ao retorno dos refugiados palestinos. 
Pelo menos 134 mulheres foram feridas por balas reais e gás lacrimogéneo disparados pelas forças israelitas. O Ministério da Saúde de Gaza informou que entre os feridos se encontravam trabalhadores da comunicação social que cobriam o acontecimento. 
Tratou-se da primeira manifestação de massas de mulheres na Faixa de Gaza desde que em 30 de Março se iniciaram no pequeno território palestino os protestos populares da Grande Marcha do Retorno, exigindo o direito de regresso dos refugiados e seus descendentes aos locais de onde foram expulsos em 1948, durante a violenta campanha sionista de limpeza étnica que acompanhou a criação e de Israel e que se traduziu pela expulsão de mais de 750 000 palestinos. Os protestos visam também o bloqueio a que há mais de uma década a Faixa de Gaza é sujeita por Israel, com a colaboração do Egipto.
Vindas de autocarro de todo o enclave, muitas acompanhadas pelos filhos, as manifestantes dirigiram-se em grupos até cerca de 50 metros da vedação que separa a Faixa de Gaza de Israel. Algumas mulheres conseguiram chegar à vedação, com bandeiras palestinas na mão e o rosto coberto com  keffiyehs (lenços palestinos).
Uma das oradoras foi a mãe da jovem paramédica Razan al-Najjar, de 21 anos, atingida a tiro no dia 1 de Junho quando socorria vítimas da repressão israelita. Na sua intervenção afirmou que os crimes e tentativas israelitas de confundir a verdade matando jornalistas, paramédicos e manifestantes pacíficos não intimidarão o povo palestino, que nunca deixará de lutar pelos seus direitos usurpados.
O comité organizador tinha convidado todas as organizações de mulheres, grupos de estudantes e sindicatos de Gaza a participarem na marcha de terça-feira, declarando que a manifestação visava enviar uma mensagem clara de que as mulheres palestinas, «o símbolo do sacrifício», têm o seu próprio papel na Grande Marcha do Retorno.
Desde 30 de Março, quando teve início a Grande Marcha do Retorno, as forças israelitas mataram pelo menos 138 palestinos e feriram mais de 14 000.
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