Mensagem do MPPM

Este ano, devido à situação de pandemia, o MPPM não pôde organizar as habituais iniciativas em torno do Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino que sempre incluem uma Sessão Pública de Solidariedade. Não podendo deixar de reiterar, nesta data, a nossa solidariedade com o povo palestino, aqui a deixamos dita pelo Vice-Presidente do MPPM, Carlos Almeida.

Por iniciativa da Assembleia Geral das Nações Unidas assinala-se, a 29 de Novembro, o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino. Foi nesse dia que, em 1947, as Nações Unidas aprovaram o Plano de Partilha do território histórico da Palestina.

O Estado judaico de Israel foi criado logo no ano seguinte. Mas, 73 anos volvidos, o povo palestino aguarda ainda o cumprimento da promessa então feita pela ONU de criar também um Estado árabe na Palestina.

Trata-se duma terrível dívida histórica, duma autêntica traição da chamada ‘comunidade internacional’ ao povo da Palestina.

Um povo martirizado por décadas de ocupação; de limpeza étnica; de repressão, prisões e tortura; de guerra e bombardeamentos; de cercos impiedosos; de espoliações de terrenos, casas e campos de cultivo; de muros e colonatos ilegais construídos em terra ocupada; de violações do direito internacional e dos mais elementares direitos humanos e dos povos.

Sob a ocupação e com o cerco da Faixa de Gaza, os efeitos da epidemia Covid-19 são ainda mais dramáticos para o povo palestino.

Nem a aceitação da existência do Estado de Israel, nem as enormes concessões feitas pelo lado palestino em processos ‘negociais’ que acenavam com a promessa dum Estado da Palestina conduziram ao respeito pelos direitos inalienáveis dos palestinos.

Pelo contrário. Há muitos anos que não existe qualquer processo negocial sério. Numa escalada imparável, Israel desrespeita frontalmente o direito internacional, fazendo tábua rasa de todas as resoluções das Nações Unidas e até mesmo dos acordos que assinou.

Uma escalada que conta com o escandaloso apoio activo dos EUA e o inaceitável silêncio, ou mesmo cumplicidade, da União Europeia.

Protagonizada nos últimos anos pela dupla Trump e Pompeo, esta escalada entronca num longo historial de apoio incondicional dos EUA a Israel e aos seus crimes. Tudo faz prever que a nova Presidência nos EUA não irá alterar, no fundamental, esta orientação de muitas décadas.

Hoje, pretende-se erradicar definitivamente a questão palestina, anexar a Israel todo o território histórico da Palestina, impor o silêncio internacional e fazer esquecer o drama daquele povo mártir e dos milhões de refugiados espalhados pelos quatro cantos do mundo.

Nesse plano, desempenham papel importante as mais cruéis ditaduras do mundo árabe, que aceitam, a troco da manutenção da sua enorme riqueza e poder pessoais, colaborar com os algozes do povo Palestino e com as potências estrangeiras que cobiçam os imensos recursos energéticos da região.

Nas Américas, na Europa ou em África, na Ásia, Israel conta com o apoio activo da extrema-direita racista e xenófoba cujo crescimento patrocina e fomenta.

A situação do povo da Palestina é hoje dramática, no plano económico, social, político e humano. Traídos e abandonados, as mulheres e homens palestinos contam com as suas próprias forças, com a sua unidade, resistência e determinação. Mas têm de poder contar também com o apoio e a solidariedade activa dos povos do mundo. Uma solidariedade que é um dever cívico e ético.

Uma solidariedade que, em Portugal, é sentida a nível popular e exigida pela Constituição da República. Uma solidariedade que, no nosso país, tem de forçar o Governo a dar finalmente resposta ao apelo da Assembleia da República para que Portugal reconheça o Estado da Palestina, juntando-se assim aos 138, do total de 193, Estados membros das Nações Unidas que já formalizaram esse reconhecimento.

Neste Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) reitera a sua solidariedade de sempre ao povo da Palestina e à exigência de respeito pelo seu inalienável direito, internacionalmente reconhecido, a um Estado soberano e independente, em território histórico da Palestina, com Jerusalém-Leste como capital e assegurando o direito de regresso dos refugiados.

Neste Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina, recordamos as palavras de Nelson Mandela: «A nossa liberdade é incompleta sem a liberdade dos Palestinos». Somos todos convocados por esta interpelação. Temos todos um contributo a dar para esta causa. A todas e a todos os portugueses, apelamos a que se juntem a nós na expressão desta solidariedade.

Palestina Vencerá!

Mensagem do MPPM no Dia Internacional de Solidariedade com a Palestina 2020
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