Kushner duvida que os palestinos se consigam governar a si próprios. Pompeo: «acordo do século» pode ser inaplicável

Jared Kushner, conselheiro para o Médio Oriente e genro de Donald Trump, expressou dúvidas sobre a capacidade dos palestinos de se governarem a si próprios, numa entrevista televisiva transmitida neste domingo.

Kushner é o arquitecto do plano de paz de Trump para o Médio Oriente, há muito anunciado mas ainda não revelado.

Na entrevista ao site noticioso Axios, quando interrogado sobre se acreditava que os palestinos são capazes de se governar sem a interferência de Israel, Kushner disse: «Isso é uma coisa que teremos que ver. A esperança é que eles, com o tempo, se tornem capazes de governar.»

Ao ser-lhe perguntado se os palestinos poderiam esperar serem livres da interferência militare e governamental de Israel, respondeu que issso seria uma «fasquia alta».

Kushner evitou novamente dizer explicitamente se o plano incluiria uma solução de dois Estados. Em vez disso, declarou: «Acho que eles deveriam ter autodeterminação. Vou deixar os pormenores até revelarmos o plano propriamente dito.»

Entretanto, a poucas semanas de uma conferência económica no Barém em que deveria ser revalada uma parte do «acordo do século», Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA (e ex-director da CIA), afirmou: «Percebo porque é que se acha que este será um acordo de que só os israelitas poderiam gostar.»

Segundo revelou na sua edição de domingo o jornal Washington Post, Pompeo, falando numa reunião à porta fechada de líderes de organizações judaicas americanas na terça-feira passada, disse que o tão aguardado «plano de paz» da administração estado-unidense é «possivelmente não executável». O plano, disse ainda, pode não «ganhar força» e os seus críticos podem rejeitá-lo por não ser «particularmente original».

Desde que o plano foi anunciado, a administração do presidente Trump tomou um conjunto de medidas contra o povo palestino e alinhadas com o governo sionista: reconhecer Jerusalém como capital de Israel e transferir para aí a sua embaixada; fechar a representação diplomática da OLP em Washington; cortar o financioamento à UNRWA, a agência de assistência aos refugiados palestinos; e ainda reconhecer a soberania israelita sobre os Montes Golã sírios ocupados.

A OLP rejeitou as manobras de Kushner como uma tentativa de suborno para que os palestinos aceitem a ocupação israelita da Cisjordânia, de que Israel se prepara para anexar uma grande parte, deixando os palestinos confinados em «bantustões» dispersos.

Todos os movimentos palestinos condenam o «acordo do século», que significaria a total abdicação dos direitos nacionais do povo palestino.

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