Karim Younis, mais antigo preso palestino: «Firmeza e determinação» na greve da fome

Karim Younis, o preso palestino há mais anos nas cadeias de Israel, escreveu uma carta aberta ao seu povo reiterando a firme decisão dos presos palestinos em greve da fome de prosseguir a luta até à vitória.
Desde 17 de Abril — há 30 dias! —, cerca de 1500 presos políticos palestinos nas cadeias de Israel, de todas as tendências políticas, prosseguem uma heróica greve da fome, protestando contra as suas condições de detenção e reivindicando direitos básicos como poder telefonar às suas famílias, visitas familiares, cuidados médicos e tratamento adequados e o fim dos regimes de isolamento e de detenção sem acusação nem julgamento.
Karim Yunis foi condenado em 1983 a prisão perpétua pelas autoridades de Israel pela sua participação na resistência. Deveria ter sido libertado como parte dos acordos de Oslo na década de 1990, mas ainda permanece preso.
Publicamos seguidamente o texto completo da carta de Karim Younis, divulgada ontem, 15 de Maio, pela Addameer, associação palestina de apoio aos presos.
«Nosso nobre povo:
A partir das celas da firmeza, liberdade e dignidade na secção de isolamento da prisão de Ramla, saudamos-te e apelamos a cada um individualmente.
Asseguramo-vos da nossa firmeza e determinação para alcançar a vitória, por muito tempo que dure a batalha.
Asseguramos às massas do nosso povo que as notícias da sua solidariedade e apoio nos chegam, apesar do isolamento e do cerco, e acreditamos firmemente que a vitória é inevitável, por muito dura que seja a batalha.
Enquanto as autoridades prisionais têm usado todas a espécie de medidas repressivas a fim de quebrar a nossa vontade e subjugar-nos, essas medidas só aumentaram a nossa determinação de continuar a greve da fome.
Representantes dos serviços de informações da ocupação tentaram manter connosco negociações falsas e fúteis destinadas a quebrar a greve da fome em troca de promessas ocas.
É por isso que lhes dissemos que só estamos disponíveis para negociações sérias e não para quaisquer reuniões vazias que visem acabar com a greve da fome. Portanto, não consideramos as suas tentativas anteriores como negociações, mas sim como uma forma de ganhar tempo.
Também garantimos que a única autoridade autorizada a negociar são os dirigentes da greve e de acordo com os critérios e princípios que definiram antes do início da batalha.
Hoje, no 28.º dia da greve, nós garantimos ao nosso povo que a nossa constância e firmeza não podem ser desestabilizadas por nenhuma força.
No entanto, se as autoridades de ocupação contam com o factor tempo, somos nós os melhores a virar o tempo a nosso favor.
Vitória ou martírio!
E nada senão a vitória... porque não há vida sem dignidade.
O vosso irmão Karim Yunis
Prisão de Ayalon — Ramla»
 
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