Israel, sob pressão de Trump, proíbe entrada de congressistas estado-unidenses Rashida Tlaib e Ilhan Omar

Israel proibiu nesta quinta-feira as congressistas democratas estado-unidenses Rashida Tlaib e Ilhan Omar de entrarem no país, para uma visita a Israel e à Cisjordânia ocupada.

A decisão do governo de Benjamin Netayahu surgiu pouco depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionar Israel a proibir a entrada das duas deputadas à Câmara dos Representantes do Congresso dos EUA.

«Mostraria uma grande fraqueza se Israel permitisse a visita da congressista Omar e da congressista Tlaib», escreveu Trump no Twitter. «Elas odeiam Israel e todo o povo judeu, e não há nada que se possa dizer ou fazer para que mudem de ideias.»

Rashida Tlaib e Ilhan Omar, as duas primeiras mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso dos EUA, têm repetidamente criticado a política de Trump e de Israel em relação aos palestinos.

Rashida Tlaib é de ascendência palestina, e a sua avó e outros familiares vivem na aldeia palestina de Beit Ur al-Fauqa, na Cisjordânia ocupada. Ilhan Omar nasceu na Somália e imigrou para os EUA em criança.

Ambas defendem o direito dos cidadãos estado-unidenses de «participar em boicotes em prol de direitos civis e humanos», tendo apresentado em Julho uma resolução nesse sentido no Comité Judiciário da Câmara dos Representantes. A sua iniciativa foi encarada como uma tentativa de se opor aos esforços de vários estados para proibir o apoio ao movimento BDS, que apela ao boicote, ao desinvestimento e às sanções como forma de pressão para que Israel ponha fim à ocupação da terra palestina, conceda direitos iguais aos cidadãos palestinos de Israel e reconheça o direito de retorno dos refugiados palestinos.

As suas «actividades de boicote contra Israel» foram precisamente o argumento agora invocado pelo governo israelita, ao abrigo de uma lei de 2017 que autoriza as autoridades a proibirem a entrada em Israel — e também aos territórios palestinos ocupados, porque todas as suas fronteiras estão sob controlo israelita — a estrangeiros considerados favoráveis ao BDS.

Anteriormente parecia que a visita seria autorizada. No mês passado o embaixador de Israel nos Estados Unidos, Ron Dermer, tinha até dito que Tlaib e Omar seriam admitidas, por respeito ao Congresso dos EUA e ao relacionamento entre os EUA e Israel.

Uma fonte israelita citada pela agência Reuters afirma que a marcha atrás de Netanyahu se deveu às pressões de Donald Trump.

Desde a sua tomada de posse, Trump alinhou sem falhas, ao lado do governo e dos sectores mais direitistas de Israel, numa raivosa política antipalestina.

Esta traduziu-se nomeadamente no reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel (a ocupação de Jerusalém Oriental não é reconhecida pelo direito internacional) e transferência para aí da sua embaixada; fecho do consulado estado-unidense em Jerusalém Oriental; encerramento da representação da OLP em Washington; corte do financiamento e tentativa de acabar com a agência da ONU de assistência aos refugiados palestinos (UNRWA). Ao que se acrescenta o reconhecimento da soberania israelita sobre os Montes Golã sírios.

Foto: Reuters

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