Gravíssima crise humanitária em Gaza, FPLP critica Hamas e Fatah por porem política acima da vida dos palestinos

A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) publicou hoje, 13 de Julho, declarações criticando os movimentos Hamas e Fatah pelas medidas punitivas que as duas facções têm tomado, uma contra a outra, nas últimas semanas, informa a agência noticiosa palestina Ma'an. Estas declarações surgem num momento de crise política cada vez mais profunda e de gravíssima crise humanitária na Faixa de Gaza.
Ontem, 12 de Julho, agravou-se dramaticamente a crise energética em Gaza, onde vivem dois milhões de palestinos, quando a única central de produção de electricidade do território foi desligada por falta de combustível. Neste momento o único fornecimento de electricidade são 70 megawatts provenientes de Israel, quando as necessidades se estimam em 500 megawatts. Na maioria dos locais, o fornecimento de electricidade não ultrapassa as 2 horas diárias, com consequências devastadoras nomeadamente para o funcionamento de hospitais e o tratamento de águas residuais.
A situação na Faixa de Gaza, sujeita a um brutal e criminoso cerco por parte de Israel desde há dez anos, tem-se vindo a agravar continuamente, de tal modo que a ONU alertou que este território palestino pode tornar-se inabitável em 2020, devido à devastação de várias guerras lançadas por Israel e aos efeitos do prolongado bloqueio.
A FPLP, facção política palestina de esquerda, rejeitou em comunicado a decisão do Hamas de impedir membros da Organização de Libertação da Palestina (OLP) e do Comité Central da Fatah de saírem da Faixa de Gaza (onde o Hamas foi eleito para o poder em 2006) para viajarem para a Margem Ocidental ocupada. «A proibição e a obstrução de movimento de Gaza para a Margem Ocidental é uma política que o Hamas segue, violando todos os direitos e liberdade pessoal, e prejudica as relações nacionais», afirma a FPLP, exigindo que o Hamas e as suas forças de segurança «parem imediatamente esta política e criem a atmosfera apropriada para melhores relações nacionais e evitem quaisquer tensões que aprofundem o conflito nacional e violem os direitos e liberdades garantidos a todos os palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza».
A FPLP critica também a Autoridade Palestina (AP), liderada pela Fatah, pela «punição colectiva» imposta aos palestinos que vivem na Faixa de Gaza (governada pelo Hamas), que sofre uma terrível crise de energia eléctrica, agravada por crescentes medidas punitivas por parte de Israel e da AP.
A FPLP exige que a AP cesse imediatamente a sua política de punição colectiva do pequeno enclave costeiro sitiado e deixe de «tomar como reféns as vidas de mais de dois milhões de palestinos» de Gaza.
«O preço que o povo palestino paga na Faixa de Gaza é muito mais precioso e importante do que os estreitos ganhos partidários que são alcançados jogando com as vidas de palestinos inocentes», diz o comunicado.
A FPLP também responsabiliza a ONU e organizações internacionais pelo agravamento da vida na Faixa de Gaza e pelos «desastres que podem acontecer» se prosseguir a ausência de serviços em sectores vitais como a água, a saúde e a electricidade.
A FPLP adverte ainda Israel contra os resultados do prosseguimento do cerco à Faixa de Gaza, afirmando que «uma explosão popular acabará por rebentar contra todos os que causaram o sofrimento do povo».
As divisões políticas entre a Fatah e o Hamas têm piorado nos últimos meses, atingindo o nível mais grave desde o conflito armado entre os dois grupos em 2007.
Segundo a Ma'an, em Abril a AP cortou até 30% os salários dos seus empregados residentes na Faixa de Gaza, decidindo ao mesmo tempo interromper os pagamentos a 277 ex-presos políticos filiados no Hamas; em Maio, a AP decidiu cortar o pagamento do combustível israelita fornecido ao território, ao mesmo tempo que as autoridades israelitas concordavam com o pedido da AP de reduzir drasticamente o fornecimento de electricidade a Gaza.
 
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