Exército israelita mata adolescente paramédico palestino que vestia colete reflector

Um voluntário de 17 anos do serviço de socorro médico palestino foi morto a tiro esta quarta-feira pelo exército israelita num campo de refugiados perto de Belém, na Cisjordânia ocupada.

Às primeiras horas da manhã, uma força israelita entrou no campo de refugiados de Dheisheh para realizar prisões, dando origem a confrontos, e os serviços locais da Sociedade de Socorro Médico Palestina (PMRS, Palestinian Medical Relief Society) foram chamados para cuidar dos feridos. Um dos socorristas, o adolescente Sajed Mizher, foi atingido por uma bala no estômago.

Quatro outros palestinos foram feridos em Deheisheh por balas reais disparadas pelas forças da ocupação israelita.

O jovem voluntário foi baleado enquanto tentava tratar um dos feridos provocados pelos tiros israelitas. Morreu dos seus ferimentos no hospital para onde foi transportado.

Durante o seu funeral, realizado na tarde de quarta-feira, manifestantes palestinos bloquearam a estrada e queimaram pneus na entrada norte de Belém. O Crescente Vermelho palestino informou que cinco pessoas ficaram feridas, atingidas por balas de borracha ou devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Mazen al-Azza, coordenador do PMRS, declarou que o jovem Mizher usava um colete reflector e estava vestido com o  uniforme do serviço quando foi baleado, o que demonstra que os soldados disparam indiscriminadamente, alvejando também os socorristas.

Em 23 de julho de 2018, um primo de Mizher, Arkan Thaer Mizher, de 15 anos, também foi morto com um tiro no peito durante uma incursão israelita em Dheisheh.

O ministro da Saúde palestino, Jawad Awad, classificou o assassínio de Mizher como «um crime de guerra».

Também Gerald Rockenschaub, chefe do escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Cisjordânia e Gaza, condenou a morte do jovem, declarando que os profissionais de saúde prestam cuidados críticos e salvam vidas e que a sua proteção tem de ser assegurada.

A PMRS, por seu lado, divulgou um comunicado em que pede a todos os seus parceiros que «condenem inequivocamente esta grave violação do direito internacional humanitário por Israel e exijam a cessação imediata dos ataques ao pessoal médico e a outras pessoas protegidas».

O campo de Dheisheh foi criado em 1949 para acolher refugiados palestinos vítimas da campanha de limpeza étnica levada a cabo pelas forças sionistas em 1948 e está situado ao longo da rua principal de Belém. Construído para 3000 refugiados, hoje o número de moradores atinge aproximadamente os 15 000.

As forças israelitas, que ocupam a Cisjordânia há mais de meio século, invadem frequentemente campos de refugiados para realizar ataques e prisões, provocando muitas vezes a oposição dos residentes.

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