Deir Yassin: O massacre que abriu caminho à ocupação sionista da Palestina

Na madrugada de 9 de Abril de 1948, três milícias sionistas - o Haganah, o Irgun e o Bando Stern - atacaram a aldeia palestina de Deir Yassin, situada a oeste de Jerusalém. Mais de 100 homens, mulheres e crianças foram massacrados. Alguns foram mutilados e violados antes de serem assassinados. Vinte e cinco homens da aldeia foram depois executados numa pedreira próxima.

Na altura do massacre, David Ben-Gurion, Menachem Begin e Yitzhak Shamir dirigiam, respectivamente, o Haganah, o Irgun e o Bando Stern. Todos viriam a ser primeiros-ministros de Israel. Ninguém foi punido por aquele acto hediondo.

O massacre em Deir Yassin é um das mais de duas dezenas de massacres documentados de civis palestinos perpetrados por forças sionistas que abriam caminho à força para transformar a Palestina num Estado judaico. Não foi o que teve maior número de vítimas. Mas a notícia do massacre de Deir Yassin espalhou o terror e desencadeou uma fuga em massa de palestinos que temiam pelas suas vidas.

Ben Gurion tinha-o antecipado. Em Fevereiro de 1948 dissera: «Quando se entra em Jerusalém, por Lifta e Romema, não há árabes. Cem por cento judeus. Desde que Jerusalém foi destruída pelos romanos que ela não era tão judaica. Em muitos bairros árabes da parte ocidental não se vê nem um único árabe. Não acredito que isso vá mudar [...] O que aconteceu em Jerusalém [...] provavelmente irá acontecer em muitas partes do país [...] Nos seis, oito ou dez meses da campanha, certamente haverá grandes mudanças na composição da população do país.»

Então, durante a primeira semana de Abril de 1948, os sionistas deram início ao Plano Dalet que era um plano de operações militares a realizar antes do fim do mandato britânico (15 de Maio de 1948), com o objectivo de consolidar e expandir a área atribuída pelo Plano de Partilha da ONU ao futuro Estado judaico, destruindo e despovoando os centros populacionais palestinos.

Para os palestinos, Deir Yassin tornou-se o símbolo da súbita perda das suas casas e da sua pátria e da quase destruição da sua sociedade, uma situação que se mantém até hoje.

Em consequência da constituição do Estado de Israel, mais de 700 000 palestinos foram exilados e 78% da terra da Palestina histórica foi perdida. No total, pelo menos 450 cidades e aldeias palestinas foram despovoadas devido a ataques militares sionistas ou ao medo de tais ataques. A maior parte delas foram demolidas.

Ainda hoje, um judeu de qualquer parte do mundo é bem-vindo a estabelecer-se em Israel, Mas os palestinos, mesmo com as chaves e as escrituras das casas que lhes foram confiscadas, continuam privados do seu direito, reconhecido internacionalmente, de regressar à sua terra natal.

David Ben Gurion proclamou: «Temos de fazer tudo para garantir que eles nunca mais voltam. Os velhos vão morrer e os novos vão esquecer.». É certo que os velhos morreram, mas os novos não esqueceram, não esquecem e não esquecerão.

Foto: Ruínas de Deir Yassin (deiryassinremebered.org)

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