Conselho de Segurança da ONU realiza reunião sobre expansão ilegal de colonatos israelitas na Margem Ocidental

O Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou sexta-feira, 14 de Outubro, uma reunião especial sobre a construção e expansão de colonatos israelitas ilegais na Margem Ocidental ocupada e em Jerusalém Oriental.
A sessão, intitulada «Colonatos Israelitas Ilegais: Obstáculos à Paz e à Solução de Dois Estados», foi convocada ao abrigo da chamada Fórmula Arria, que possibilita encontros informais que permitem aos membros do Conselho de Segurança discutir um tópico e ouvir pessoas que considerem útil.
A reunião foi impulsionada pela delegação palestina na ONU e foi convocada oficialmente pelo Egipto, Venezuela, Malásia, Senegal e Angola. Certos observadores consideram esta reunião mais um passo no sentido de alcançar uma resolução do Conselho de Segurança contra os colonatos israelitas na Margem Ocidental.
Entre os oradores contaram-se Hagai El-Ad, director executivo da B'Tselem (organização israelita que segue violações dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados), que declarou: «Israel tem sistematicamente legalizado violações dos direitos humanos nos territórios ocupados através da criação de colonatos permanentes, demolições punitivas de casas, um mecanismo de construção e de planeamento tendencioso, a apropriação de terra palestina.» O ano de 2016 foi o pior da história no que diz respeito às demolições por Israel de casas palestinas na Margem Ocidental ocupada e em Jerusalém Oriental. Hagai El-Ad expressou sua indignação com a ocupação do território palestino desde há quase meio século, acrescentando que «tudo o que mão seja uma acção internacional decisiva não conseguirá passar de um anúncio da segunda metade do primeiro século da ocupação».
Lara Friedman, da organização Americans for Peace Now, destacou que, sob a direcção do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, entre 2009 e 2015, o governo de Israel promoveu a construção de 11.000 novas casas nos colonatos, em violação do direito internacional.
A generalidade dos embaixadores que usaram da palavra condenaram a construção dos colonatos, embora os dos países ocidentais não tenham dispensado também a crítica às acções «terroristas» palestinas. O enviado da Venezuela afirmou que o Conselho de Segurança deveria envergonhar-se de não ter ainda actuado contra as violações do direito internacional por Israel e acusou os EUA de bloquearem todos os esforços nesse sentido.
Quanto ao embaixador de Israel, recorreu ao falacioso argumento, já utilizado por Netanyahu, de que os palestinos querem proceder à «limpeza étnica» dos judeus residentes nos ilegais colonatos na Margem Ocidental ocupada.
Esta reunião informal do Conselho de Segurança ocorreu uma semana após os Estados Unidos e a União Europeia emitirem declarações condenando os planos de Israel para construir 98 casas num novo colonato israelita na Margem Ocidental ocupada.
Segundo calcula o Applied Research Institute - Jerusalem (ARIJ), há entre 500.000 e 600.000 colonos israelitas que residem em 196 colonatos israelitas na Margem Ocidental ocupada e em Jerusalém Oriental, e ainda em 232 postos avançados.
A construção de colonatos por Israel tem sido fortemente criticada como uma manobra estratégica para alterar os factos no terreno de modo a impedir a criação de um Estado palestino independente e contíguo.
 
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