Com forte protecção policial colonos judeus assaltam a Mesquita Al-Aqsa e agridem fiéis muçulmanos

Protegidos pela polícia de ocupação israelita fortemente armada, cerca de 1300 colonos israelitas invadiram ontem, domingo, a Mesquita Al-Aqsa e entraram em confronto com fiéis muçulmanos palestinos.

Os colonos respondiam ao apelo de grupos extremistas israelitas para forçarem a entrada no complexo Al-Aqsa em grande número no dia 18 de Julho, por ocasião do aniversário do que Israel chama «a destruição do templo».

A Mesquita de Al-Aqsa é o terceiro local mais sagrado do mundo para os muçulmanos. Os judeus chamam à área «Monte do Templo», afirmando que foi o local de dois templos judeus em tempos antigos.

O deputado ao Knesset Itamar Ben-Gvir e o antigo deputado e rabi extremista Yehudah Glick acompanharam os grupos de colonos que invadiram a Mesquita de Al-Aqsa.

As forças policiais israelitas fecharam os portões da Mesquita Al Qibli, a principal sala de oração dentro da Mesquita Al-Aqsa, com correntes a fim de bloquear os fiéis muçulmanos no seu interior e proporcionar «condições de segurança e calma» aos colonos extremistas.

A polícia israelita também disparou granadas atordoantes e latas de gás lacrimogéneo contra os fiéis e forçou muitos deles a abandonar o local.

Hoje, cerca de uma centena de colonos israelitas, escoltados pela polícia israelita fortemente armada, voltaram a invadir o complexo da Mesquita al-Aqsa e vaguearam pelos seus pátios, provocando os fiéis palestinos.

Primeiro-ministro israelita incentiva… e retrata-se

Enquanto os colonos judeus estavam dentro da Mesquita de Al-Aqsa, o Primeiro-Ministro israelita Naftali Bennett realizou uma avaliação da situação de segurança com o Ministro da Segurança Interna, Omer Bar Lev, e o chefe da polícia, Yaakov Shabtai, e deu instruções à polícia «para permitir o acesso ordenado e seguro dos judeus ao Monte do Templo [Mesquita Al-Aqsa], mantendo a ordem no local».

Segundo o Haaretz, Bennett agradeceu às forças de segurança «por gerirem os acontecimentos no Monte do Templo de forma responsável e com discrição, preservando ao mesmo tempo a liberdade de culto dos judeus no Monte».

O Presidente da Autoridade Palestiniana (AP) Mahmoud Abbas rejeitou categoricamente as declarações de Naftali Bennett, que considerou como uma escalada que conduziria a um perigoso conflito religioso pelo qual o governo israelita tem total responsabilidade.

Abbas considerou as observações de Bennett como um desafio à comunidade internacional, incluindo a posição oficial dos EUA que foi transmitida à presidência palestina e que apela à preservação do status quo na Mesquita de Al-Aqsa.

Esta manhã, Bennett recuou na sua declaração, dizendo: «Não há mudança no status quo. A intenção da sua mensagem inicial era facilitar o direito dos judeus a visitar o local sagrado muçulmano, mas não a rezar ali.».

Condenação…

O Movimento de Resistência Islâmica Palestina - Hamas - advertiu que Israel estava «a brincar com o fogo» ao permitir que os judeus invadissem a Mesquita Al-Aqsa e marchassem na Cidade Velha, sublinhando que não ficaria em silêncio por muito tempo enquanto a agressão dos colonos à Mesquita prosseguisse.

Daifallah al-Fayez, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Expatriados da Jordânia, rejeitou e condenou as acções israelitas contra a Mesquita Al-Aqsa, e disse ter enviado uma carta oficial de protesto apelando a Israel para pôr termo às suas violações e provocações, respeitar o status quo histórico e legal, respeitar a santidade da mesquita e a liberdade dos fiéis.

A Turquia condenou as agressões num comunicado de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros: «Condenamos que as forças de segurança israelitas tenham mais uma vez violado a santidade de al-Haram al-Sharif ao permitir que grupos de judeus racistas atacassem a Mesquita al-Aqsa, atacando civis palestinos que rezavam na área e detendo civis palestinos, incluindo crianças e mulheres, dando imagens ofensivas da dignidade humana.»

O Egipto condenou «as repetidas violações israelitas da Mesquita Al-Aqsa sob a protecção das forças israelitas». «O Egipto rejeita categoricamente estas violações», disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros numa declaração, alertando contra «a violação da santidade do local, que é venerado como o terceiro local sagrado no Islão por muçulmanos de todo o mundo».

A Organização de Cooperação Islâmica (OIC) condenou a invasão da mesquita de Al-Aqsa e salientou que estes repetidos ataques à santidade dos locais sagrados fazem parte das tentativas de Israel, a potência ocupante, de alterar o status quo histórico e legal em Jerusalém, o que constitui uma violação do direito internacional, das Convenções de Genebra e das resoluções relevantes das Nações Unidas.

O Patriarca ortodoxo grego de Jerusalém, Theophilos III, reiterou que o acesso e a utilização da Mesquita Al-Aqsa «é um direito exclusivo» dos muçulmanos. «Qualquer agressão à Mesquita de Al-Aqsa ou aos muçulmanos que nela rezam é considerada uma agressão contra a liberdade de culto garantida pelas convenções internacionais e pela ética humanitária», disse o Patriarca, que condenou as tentativas dos «colonos extremistas de provocar muçulmanos e cristãos através da contínua agressão e incitação contra Al-Haram Al-Sharif».

… e preocupação

A União Europeia disse estar preocupada com as tensões em torno da Mesquita Al-Aqsa (Haram Al-Sharif) em Jerusalém ocupada: «Preocupada com as contínuas tensões em torno da Mesquita Haram Al-Sharif. Os actos de incitamento têm de ser evitados e o status quo respeitado. As autoridades israelitas e líderes religiosos comunitários de todos os lados devem agir urgentemente para acalmar esta situação explosiva», disse a missão da UE à Palestina num tweet.

Também o Consulado Geral Britânico em Jerusalém expressou ontem, num tweet, preocupação com a violência da polícia israelita contra os fiéis muçulmanos na mesquita de al-Aqsa: «Preocupado em ver mais uma vez a violência no #HaramalSharif à medida que nos aproximamos de Eid al Adha. Exortamos ao pleno respeito pelo Status Quo.»

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