Boris Johnson vai propor lei que proíbe campanha de boicote a Israel

Boris Johnson, recém-eleito primeiro-ministro britânico, deve divulgar no final desta semana a proposta de lei que visa opor-se à campanha de boicote, desinvestimento e sanções contra Israel.

O movimento internacional BDS apela ao boicote, ao desinvestimento e às sanções como forma de pressão sobre Israel para que ponha fim à ocupação da terra palestina, conceda direitos iguais aos cidadãos palestinos de Israel e reconheça o direito de retorno dos refugiados palestinos.

Segundo o diário britânico i, a medida será uma das prioridades legislativas do novo governo que serão anunciadas na quinta-feira durante o discurso da rainha, proferido na abertura do parlamento e escrito pelo primeiro-ministro.

O Partido Conservador, de Boris Johnson, que venceu as eleições gerais de 12 de Dezembro, prometeu no seu manifesto eleitoral proibir os órgãos municipais de boicotarem produtos de países estrangeiros, incluindo Israel.

No domingo passado, o enviado especial do Reino Unido para as questões pós-Holocausto, Eric Pickles, que é também presidente dos Conservadores Amigos de Israel, num discurso em Jerusalém classificou o movimento BDS como «anti-semita», acrescentando que «deve ser tratado como tal».

Entretanto, não é só no Reino Unido que a defesa da Palestina e as críticas a Israel estão a ser alvo de ataque por via legislativa.

Em várias partes do mundo o falso pretexto do combate ao anti-semitismo está a ser brandido para tentar calar a voz dos que se opõe às criminosas políticas de Israel e são solidários com a causa palestina, nomeadamente invocando a definição de anti-semitismo da International Holocaust Remembrance Alliance (IHRA) [Aliança Internacional para a Memória do Holocausto], e sobretudo os capciosos exemplos a ela anexos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou na semana passada uma ordem executiva declarando que os judeus são um grupo étnico protegido e que as críticas a Israel podem implicar um crime de ódio contra essa etnia.

Já no início do ano os EUA tinham aprovado legislação que condenava o BDS como anti-semita, e existe legislação anti-BDS em mais de 20 estados.

No início de Dezembro o Parlamento francês também aprovou uma lei que introduz uma definição de anti-semitismo semelhante à de Donald Trump, ambas baseadas na definição da IHRA.

Também na Alemanha o parlamento aprovou em Maio legislação que condena o movimento BDS e o declara anti-semita.

Por seu lado, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeu, também condenou publicamente o movimento BDS como sendo anti-semita, e a definição de anti-semitismo da IHRA foi aprovada em várias províncias do Canadá.

A própria União Europeia adoptou a definição do IRHA, fazendo pender uma grave ameaça sobre a liberdade de expressão dos que se colocam do lado dos direitos do povo palestino e criticam a criminosa política israelita.

Como afirmou o MPPM no seu comunicado de 3 de Dezembro de 2018, «os crimes de Israel são numerosos, flagrantes e descarados, de tal forma que acabam por penetrar as cortinas de silêncio cúmplice. Talvez por isso haja quem queira continuar a assegurar a impunidade de Israel através da perseguição das denúncias desses crimes».

A denúncia dos crimes de Israel, prossegue o comunicado, «nada tem a que ver com anti-semitismo», correspondendo antes «a um imperativo ético decorrente dos princípios fundadores da Carta das Nações Unidas e da Declaração Universal dos Direitos do Homem e que impõe uma firme posição de defesa de todos quantos são vítimas de discriminação e perseguição baseadas na sua origem nacional ou religiosa, como é claramente o caso do povo palestino».

Foto: AP /Alastair Grant

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