Bombardeamento de autocarro escolar no Iémen «aparentemente crime de guerra», diz Human Rights Watch

Estado em que ficou o autocarro bombardeado

Um ataque aéreo da coligação liderada pela Arábia Saudita, que em 9 de Agosto matou pelo menos 26 crianças e feriu pelo menos outras 19 pessoas num autocarro escolar em Dhahyan, no Norte do Iémen, aparentemente é um crime de guerra, declarou hoje a Human Rights Watch.
Desde que em Março de 2015 o conflito no Iémen se intensificou, prossegue a Human Rights Watch (HRW), foram realizados numerosos ataques aéreos da coligação em violação das leis da guerra, sem que tenham sido objecto de investigações adequadas, o que faz com que os fornecedores de armas possam ser cúmplices de crimes de guerra.
A CNN revelou posteriormente que o ataque foi executado usando uma bomba fabricada nos Estados Unidos que foi vendida à Arábia Saudita. A HRW identificou munições de origem estado-unidense nos locais de pelo menos 24 outros ataques ilegais da coligação no Iémen.
A cumplicidade de vários países ocidentais na agressão a um dos países mais pobres do mundo é evidenciada por alguns números. Os EUA estão a procurar levar por diante uma venda de munições guiadas de precisão, no valor de 7 mil milhões de dólares, à Arábia Saudita e aos Emiratos Árabes Unidos — países que são os principais actores da coligação que conduz a bárbara guerra de agressão contra o Iémen. E desde que começou a guerra, o Reino Unido já vendeu armas à Arábia Saudita no valor de 4600 milhões de libras esterlinas; apenas em 2016, a França vendeu a esse país e aos Emiratos Árabes Unidos armas no valor de 2 mil milhões de dólares.
«O ataque da coligação liderada pela Arábia Saudita a um autocarro cheio de jovens vem somar-se ao seu já horrível historial de matança de civis em casamentos, funerais, hospitais e escolas no Iémen», afirmou Bill Van Esveld, da HRW. «Os países com conhecimento deste historial e que fornecem mais bombas aos sauditas serão cúmplices de futuros ataques mortais contra civis.»
O responsável máximo do Bureau da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) já descreveu como «um Apocalipse» a situação no martirizado Iémen, onde uma epidemia de cólera já afectou mais de um milhão de pessoas. O número de vítimas nos três anos e meio desta guerra, que suscita escassa atenção da comunicação social, cifra-se já em 10 000. Segundo o relatório da OCHA de Janeiro de 2018, 22,2 milhões de iemenitas, ou seja, 76% da população, necessitam de auxílio, com 8,4 milhões de pessoas em risco sério de subnutrição e de morrer à fome.

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