Bispos católicos em visita à Terra Santa: os cristãos devem opor-se aos colonatos israelitas

Os cristãos têm a responsabilidade de se opor à construção de colonatos israelitas nos territórios palestinos, afirmaram bispos dos EUA, Canadá e Europa, segundo notícia do jornal católico britânico Catholic Herald do passado dia 19 de Janeiro.
«Esta anexação de facto de terras não só prejudica os direitos dos palestinos em zonas como Hebron e Jerusalém Oriental, mas, como a ONU reconheceu recentemente, também põe em risco a possibilidade da paz», disseram os bispos que participaram esta semana na Coordenação da Terra Santa.
D. Oscar Cantu, bispo de Las Cruces, Novo México, presidente da Comissão dos bispos dos EUA sobre Justiça Internacional e Paz, foi um dos 12 bispos que assinaram a declaração. O bispo D. Lionel Gendron, de Saint-Jean-Longueuil, Québec, representou os bispos canadianos. A declaração foi assinada por representantes do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia e da Conferência Episcopal Sul-Africana, assim como por bispos do Reino Unido e de outros países europeus.
Durante a visita os bispos visitaram Hebron (uma das maiores cidades da Margem Ocidental ocupada, com uma população de perto de 150.000 palestinos), onde a zona do mercado está fechada por causa de cerca de 800 colonos israelitas.
O bispo Cantu declarou ao «Catholic News Service»: «Torna-se mais claro que [os colonatos] não são apenas colonatos periféricos mas algo mais sistemático; são mais um modo de infiltrar terra palestina e forçar os palestinos a saírem, fazendo-os ficarem tão desconfortáveis, com uma liberdade tão limitada, que não querem continuar a viver lá.»
Três dos bispos também visitaram a Faixa de Gaza. O bispo D. William Nolan, de Galloway, Escócia, um dos bispos que visitaram Gaza, disse que saiu de lá sentindo-se «triste e impotente» com a pobreza e falta de produtos básicos.
No seu comunicado, os bispos dizem que os cristãos têm a responsabilidade de ajudar «os habitantes de Gaza, que continuam a viver numa catástrofe humanitária causada pelo homem. Eles já passaram uma década sob bloqueio, agravado por um impasse político causado por má vontade em todos os lados».
Os bispos declaram também que os cristãos devem continuar a encorajar a resistência não-violenta, como incentiva o Papa Francisco. «Isso é particularmente necessário face a injustiças como a continuada construção do muro de separação em terras palestinias, incluindo o Vale de Cremiso», afirma o comunicado.
Os bispos disseram que todos os anos, desde 1998, têm apelado à justiça e à paz, «mas o sofrimento continua».
«Portanto, este apelo deve ressoar mais alto», diz o comunicado. «Como bispos, imploramos aos cristãos dos nossos países a que reconheçam a nossa própria responsabilidade de oração, consciencialização e acção.»
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