Bilal Kayed, há 48 dias em greve da fome, intensifica a luta. Secretário-geral da FPLP junta-se à greve

O preso palestino Bilal Kayed, em greve da fome há 48 dias, anunciou numa carta datada de 1 de Agosto que decidiu intensificar a sua luta. Vai recusar todos os tratamentos ou exames médicos até que um tribunal israelita aceite apreciar o seu caso. Kayed exige também ser transferido outra vez para a prisão, para poder continuar a sua greve da fome ao lado de outros presos palestinos. A carta termina com as palavras: «Liberdade ou martírio. A vitória é inevitável».
Bilal Kayed, actualmente detido em regime de segurança máxima no centro médico de Barzilai, em Ashkelon (Israel), está em greve da fome desde 15 de Junho, em protesto contra o facto de as autoridades israelitas o terem condenado a seis meses de detenção administrativa — internamento sem julgamento nem culpa formada — no dia em que deveria ter sido libertado após cumprir uma pena de 14 anos e meio de prisão.
Desde que está detido no hospital de Barzilai, Kayed tem permanentemente a mão direita e o pé esquerdo algemados à cama. Além disso, tem sempre no quarto três guardas israelitas e uma câmara de vigilância, o que impede toda a privacidade, mesmo durante as visitas do seu advogado, que são limitadas a meia hora.
Kayed informou igualmente que os deputados da Lista Conjunta – coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista em Israel — foram proibidos de o visitar. Acrescentou que era molestado por extremistas israelitas que visitam o hospital e pelos seus guardas, que acusou de lhe tirar fotografias durante o sono e de baixar a temperatura do ar condicionado quando se queixava de frio.
Após mais de mês e meio de greve da fome, a saúde de Kayed deteriorou-se gravemente. Tem dificuldade em manter-se de pé ou caminhar, perde repetidamente a consciência, sofre de perda da visão e já perdeu mais de 32 quilos desde o início da greve da fome.
Farah Bayadsa, advogada da organização palestina de direitos dos presos Addameer, visitou Kayed no domingo e testemunhou as condições da sua detenção. A Addameer considera o aprisionamento de Kayed uma violação dos direitos humanos e exige a sua libertação imediata, assim como o fim de todas as medidas punitivas contra os presos que manifestam a sua solidariedade com Bilal Kayed.
O destacado dirigente palestino Ahmad Sa'adat, secretário-geral da Frente Popular para a Libertação de Palestina, é um dos 23 presos palestinos das prisões de Ofer e de Ramon que se somaram a dezenas de outros presos numa greve da fome colectiva e ilimitada para exigir a libertação de Bilal Kayed. Sa'adat, que está a cumprir uma pena de 30 anos de prisão a que foi condenado por um tribunal israelita em 2008, foi imediatamente transferido para reclusão solitária.
Neste momento há mais de 100 presos palestinos em greve da fome para exigir a libertação de Bilal Kayed.
A luta pela libertação de Bilal Kayed tem adquirido proporções crescentes, com manifestações tanto na Palestina como a nível internacional. Mais de 170 organizações palestinas e internacionais assinaram já um apelo pela sua imedita libertação.
O MPPM, em comunicado de 12 de Julho, recorda: «Mais de 7000 palestinos estão actualmente encarcerados em centros israelitas de presos e de detenção. Entre eles contam-se aproximadamente 715 detidos administrativos.» O MPPM sublinha: «A recusa da libertação de Bilal Kayed e a imposição da detenção administrativa constitui uma tentativa de criar um precedente, uma ameaça grave a todos os presos palestinos que é necessário contrariar desde já, antes que se transforme numa prática sistemática das forças de ocupação israelitas.» O comunicado termina exigindo «a liberdade de Bilal Kayed e dos outros detidos administrativos; o fim da prática da detenção administrativa; a liberdade de todos os presos palestinos; o fim da ocupação, o reconhecimento efectivo do direito do povo palestino a um Estado viável, dentro das fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Leste e uma solução justa para o problema dos refugiados.»
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