Barco das Mulheres para Gaza assaltado por forças navais de Israel

O barco «Zaytouna-Oliva», tripulado só por mulheres, que tentava romper o cerco a Gaza imposto por Israel, foi interceptado por forças navais israelitas a cerca de 35 milhas da costa, fora das águas territoriais, mas dentro da zona-tampão ou «zona de exclusão militar» unilateralmente declarada por Israel.
Entretanto, manifestantes palestinos concentravam-se na costa de Gaza esperando o Barco das Mulheres e manifestando a sua solidariedade com ele.
As tripulantes não ofereceram resistência quando a marinha israelita cercou o barco. A comandante, Ann Wright, coronel do exército dos Estados Unidos (reformada), foi forçada a redireccionar o barco para o porto israelita de Ashhod. A bordo seguiam 13 mulheres, entre as quais Mairead Maguire, Prémio Nobel da Paz (Irlanda do Norte), e deputadas da Argélia, Nova Zelândia e Suécia.
O Barco das Mulheres para Gaza, uma iniciativa da International Freedom Flotilla Coalition, largou de Barcelona em meados de Setembro e deveria ter chegado a Gaza esta quarta-feira, 5 de Outubro, à tarde. É a quarta tentativa desta coligação para romper o bloqueio a Gaza. Em 2010, uma flotilha de auxílio que se dirigia a Gaza terminou em tragédia, quando o navio turco «Mavi Marmara» foi assaltado por comandos israelitas, que mataram 10 activistas turcos. Nenhum israelita foi acusado devido à matança no «Mavi Marmara».
O deputado palestino Jamal al-Khudari (independente), dirigente do Comité Popular contra o Cerco de Gaza, condenou o ataque israelita ao «Zaytouna».
Também Saeb Erekat, Secretário-Geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP) condenou o aprisionamento do «Zaytouna». «Condenamos severamente a agressão israelita contra a Flotilha internacional de hoje que tentou romper o ilegal cerco israelita a mais de 1,8 milhões de pessoas em Gaza ... A causa palestina pela liberdade e a independência é uma aspiração universal de justiça partilhada por milhões de pessoas em todo o mundo», afirmou Erekat.
A acção de Israel foi igualmente condenada pela deputada europeia Martina Anderson (Sinn Féin, Presidente da Delegação para as Relações com a Palestina do GUE/NGL), que declarou: «O barco ... foi interceptado quando navegava para Gaza ... para elevar a sensibilidade internacional acerca do ilegal e desumano bloqueio da Faixa de Gaza por Israel. ... A comunidade internacional deve actuar imediatamente para assegurar a segurança e bem-estar da tripulação e passageiras a bordo do "Zaytouna-Oliva" e que lhes seja permitido continuar a sua viagem para Gaza.»
Já em Setembro, apoiando o Barco das Mulheres, 55 deputados europeus dos grupos GUE/NGL, Greens/EFA (Verdes/Aliança Livre Europeia), S&D (Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas) e ALDE (Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa) assinaram uma carta aberta a Federica Mogherini, Alta-Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, exortando a UE a actuar para assegurar a passagem segura da flotilha para Gaza; exercer pressão sobre Israel para que levante o seu bloqueio ilegal de Gaza; insistir que Israel cumpra a lei internacional como um passo para o reinício do processo de paz no Médio Oriente. Entre os subscritores encontravam-se os deputados portugueses Marisa Matias (BE - GUE/NGL); João Ferreira, João Pimenta Lopes e Miguel Viegas (PCP - GUE/NGL); e Ana Gomes (PS - S&D).
A Faixa de Gaza está sujeita a um bloqueio militar israelita desde 2007. Os quase dois milhões de habitantes do pequeno território sofrem altos índices de desemprego e de pobreza, e desde 2008 foram alvo de três devastadoras guerras conduzidas por Israel, a mais recente das quais no Verão de 2014. A ofensiva israelita durou 51 dias e resultou na morte de pelo menos de 1462 civis palestinos, um terço dos quais crianças.
O território palestino cercado pode tornar-se «inabitável» em 2020, afirma a ONU. A economia permanece paralisada devido ao bloqueio e é lenta a reconstrução das habitações destruídas, devido à dificuldade de importação de materiais de construção. Cerca de 75.000 palestinos permanecem deslocados desde o ataque israelita de 2014.
 
Print Friendly, PDF & Email
Share