Ataques israelitas a cuidados de saúde palestinos persistem durante a pandemia de COVID-19

Em 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) registou 59 ataques contra os cuidados de saúde nos territórios palestinos ocupados (TPO), revela o relatório da OMS sobre acesso à saúde nos TPO relativo a Dezembro de 2020.

Vinte e cinco ataques (42%) envolveram obstrução à prestação de serviços de saúde, incluindo 12 incidentes de obstrução ao acesso de ambulâncias para chegar a pessoas que tinham sido mortalmente feridas.

Em trinta e seis incidentes (61%) houve violência física contra trabalhadores de saúde, ambulâncias e instalações de saúde, e seis incidentes envolveram a detenção de trabalhadores de saúde, ambulâncias, doentes e acompanhantes de doentes.

Ataques físicos contra os cuidados de saúde de Outubro a Dezembro de 2020

Durante os últimos três meses de 2020, a OMS registou 15 ataques contra cuidados de saúde nos TPO. Destes, sete envolveram ataques físicos contra trabalhadores da saúde, ambulâncias e instalações sanitárias, e nove envolveram obstruções à prestação de cuidados de saúde, incluindo cinco incidentes de obstrução de acesso das equipas de saúde a pessoas mortalmente feridas.

Equipa paramédica do Crescente Vermelho atacada fisicamente com tentativa de assalto a ambulância

A 24 de Novembro, uma equipa paramédica da Sociedade Palestina do Crescente Vermelho estava junto do posto de controlo de Tayaseer na zona norte de Aghwar – Tubas, na Cisjordânia, a prestar primeiros socorros a pessoas feridas durante confrontos.

A equipa do Crescente Vermelho foi fisicamente atacada ao tentar prestar primeiros socorros a uma pessoa que tinha sofrido um ferimento abdominal devido a uma bala revestida de borracha. Vários soldados israelitas tentaram forçar a entrada a bordo da ambulância para deter a pessoa ferida, sem serem acompanhados por pessoal médico.

Além disso, foram disparadas granadas de gás lacrimogéneo contra a ambulância durante os confrontos, enquanto a equipa do Crescente Vermelho prestava serviços médicos de emergência às pessoas feridas, dentro da ambulância.

Paramédicos do Crescente Vermelho espancados e voluntários do Socorro Médico agredidos enquanto prestavam primeiros socorros

Em 11 de Dezembro, um paramédico que trabalhava para a Sociedade do Socorro Médico Palestino foi espancado com a coronha de uma arma e pontapeado enquanto prestava primeiros socorros a pessoas feridas em confrontos durante uma manifestação realizada para protestar contra a expansão de um colonato e confisco de terras perto da aldeia de Kufr Malek, na Cisjordânia.

O paramédico relatou que os soldados israelitas lhe pulverizaram spray de pimenta na cara e que sofreu inalação de gás durante o incidente. Foi levado para o Hospital do Complexo Médico Palestino, em Ramala, depois de ter perdido a consciência. Ficou internado e só teve alta passado mais de uma semana.

Durante os mesmos confrontos, dois voluntários do Crescente Vermelho ficaram feridos após terem sido fisicamente atacados enquanto prestavam primeiros socorros a pessoas feridas, sofrendo vários hematomas

Ambulância do Crescente Vermelho impedida de chegar a ferido fatal

Bilal Adnan Ayed, de 29 anos, foi baleado pelas forças israelitas enquanto conduzia o seu carro em direcção a um posto de controlo perto da aldeia de A'warta, a nordeste do distrito de Nablus, na Cisjordânia. As forças israelitas alegaram uma tentativa de abalroamento.

Na sequência do incidente, os soldados fecharam a estrada e impediram uma ambulância do Crescente Vermelho de chegar ao ferido. Uma ambulância israelita da Estrela de David Vermelha chegou mais tarde e anunciou a morte de Bilal após a transferência do seu corpo.

Protecção dos cuidados de saúde

A OMS regista que a vulnerabilidade aos ataques contra os cuidados de saúde nos TPO persistiu em 2020, apesar de uma redução dos ataques registados durante a pandemia COVID-19 e após o fim da Grande Marcha do Retorno na Faixa de Gaza.

A concluir o relatório, a OMS diz estar a trabalhar para melhorar os sistemas de monitorização e apoio aos profissionais de saúde e para dar força às vozes das pessoas afectadas, e apela à protecção dos cuidados de saúde e ao fim dos ataques.

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