Assembleia Geral da ONU apela a protecção dos palestinos e condena uso de força excessiva por Israel

A Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou ontem, 13 de Junho, uma resolução condenando Israel pelas mortes de civis palestinos na Faixa de Gaza sitiada. Trata-se de uma pesada derrota diplomática para Israel e o seu principal aliado, os Estados Unidos.
A resolução, apresentada pela Argélia e pela Turquia em nome dos países árabes e muçulmanos, obteve uma esmagadora maioria dos 193 membros da ONU, com 120 votos a favor, apenas 8 votos contra ( Estados Unidos, Israel, Austrália, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru, Ilhas Salomão e Togo) e 45 abstenções. Portugal votou favoravelmente.
A resolução denuncia qualquer uso de força «excessiva, desproporcional e indiscriminada» pelas forças israelitas contra os palestinos, particularmente na Faixa de Gaza. Ao mesmo tempo, condena o disparo de rockets de Gaza contra o Sul de Israel. A resolução também pede ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que apresente propostas dentro de 60 dias «sobre formas e meios para garantir a segurança, protecção e bem-estar da população civil palestina sob ocupação israelita», incluindo «recomendações relativas a um mecanismo de protecção internacional», e reclama «medidas imediatas para acabar com o cerco e as restrições impostas por Israel ao movimento e acesso para dentro e para fora da Faixa de Gaza».  
Desde 30 de Março, pelo menos 131 palestinos foram mortos e outros 13.900 feridos pela repressão das forças israelitas contra os manifestantes desarmados da Grande Marcha do Retorno, que exigem o fim do bloqueia a Gaza e o direito dos palestinos de retornar às terras de onde foram expulsos pela limpeza étnica de Israel.
O recurso à Assembleia Geral ocorre depois de os EUA terem usado o seu veto no Conselho de Segurança para obstruir uma resolução de teor semelhante que o Koweit apresentou no início de Junho.
Uma emenda apresentada pelos Estados Unidos  criticando o movimento de resistência palestino Hamas por «incitar a violência» em Gaza  recebeu 62 votos a favor, 58 contra e 42 abstenções, não tendo no entanto atingido a necessária maioria de dois terços. Tal como os restantes países da União Europeia, Portugal votou inaceitavelmente a favor desta emenda, que visava equipar as responsabilidades da potência ocupante e agressora, Israel, com as forças da resistência à agressão. 
O embaixador palestino, Riyad Mansour, rejeitou a emenda dos EUA e pediu que outros embaixadores não se deixassem enaganar pela proposta de Washington. «Pedimos uma coisa simples [...] Queremos que nossa população civil seja protegida», afirmou.
Por seu lado, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou que a votação é «uma vitória para os direitos palestinos, a justiça e o direito internacional». 
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