Após 40 anos de prisão Israel liberta o preso palestino há mais tempo detido

Israel libertou na madrugada desta quinta-feira, ao fim de 40 anos, Karim Younis, o preso político palestino há mais tempo detido nas prisões israelitas.

Younis, de 66 anos, da cidade árabe de Ara, no norte de Israel, foi detido a 6 de Janeiro de 1983, e condenado a prisão perpétua, que mais tarde foi comutada para 40 anos.

Karim Younis foi libertado sem preparação e transportado em carros da polícia para Ranana, uma cidade a norte de Telavive. Aí, com ajuda de um transeunte, conseguiu contactar um familiar, que o veio recolher.

Na sua cidade natal foi acolhido em euforia por grande número de familiares e amigos que ignoraram os avisos dos serviços secretos militares israelitas que dias antes tinham visitado a família de Younis dizendo-lhes para não festejarem.

Younis devia ter sido libertado em 2014 num acordo mediado pelo então Secretário de Estado norte-americano John Kerry no qual Israel deveria libertar, em quatro grupos diferentes, todos os presos palestinos detidos desde antes da assinatura dos Acordos de Oslo de 1993.

Israel libertou os três primeiros grupos, principalmente oriundos da Cisjordânia ocupada e da Faixa de Gaza, mas quando chegou ao quarto grupo, que incluía principalmente palestinos de Israel e de Jerusalém Oriental ocupada, Israel renegou a sua promessa e recusou-se a libertá-los.

Estão ainda nas prisões israelitas 25 palestinos detidos antes da assinatura dos Acordos de Oslo, entre os quais 11 são oriundos de Israel.

Há cerca de 4700 presos palestinos actualmente detidos em prisões israelitas, incluindo 150 menores, 34 mulheres e 835 pessoas em detenção administrativa, sem julgamento ou acusação.

Nael Barghouti acumulou mais de 42 anos nas prisões de Israel

Se Karim Younis era o preso político palestino há mais tempo detido por Israel, Nael Barghouti, de 65 anos, é o preso palestino com mais tempo acumulado nos cárceres de Israel, tendo completado 42 anos de prisão em 20 de Novembro passado.

Barghouti, que provém da aldeia de Kobar na província de Ramala, foi primeiro preso em 1978 por resistir à ocupação israelita e depois condenado a uma pena de prisão perpétua mais 18 anos.

Depois de cumprir 34 anos de prisão, foi libertado em 18 de Outubro de 2011 num acordo de troca de prisioneiros entre o Hamas e Israel e regressou à sua aldeia e família.

Em 18 de Junho de 2014, as autoridades de ocupação israelitas renegaram os termos do acordo e voltaram a prender Barghouti. Foi condenado a 30 meses de prisão mas, após cumprir essa pena, em vez de o libertar, Israel restabeleceu a sua sentença original de perpétua mais 18 anos.

Há quatro anos, o advogado de defesa de al-Barghouthi apresentou uma petição ao Supremo Tribunal israelita exigindo a sua libertação com base nos termos do acordo de troca de prisioneiros, que declara que Israel não pode voltar a prender prisioneiros libertados e restabelecer a sua sentença.

No entanto, no passado dia 4 de Dezembro, o Tribunal Militar de Ofer rejeitou a petição alegando, segundo a Sociedade de Prisioneiros Palestinos, que decidiu manter uma sentença de prisão perpétua contra ele porque tem um "ficheiro secreto" contra ele.

De acordo com estimativas palestinas, 47 detidos libertados foram novamente detidos e as suas penas restabelecidas.

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