«Acordo do século» viola resoluções da ONU e soberania palestina, diz Abbas no Conselho de Segurança

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, falando esta terça-feira no Conselho de Segurança das Nações Unidas, rejeitou firmemente o chamado «acordo do século» apresentado pelos EUA, por ele violar as resoluções da ONU e a soberania palestina.

«Vim hoje até vós para reafirmar a posição palestina que rejeita a proposta israelo-americana», disse Abbas, observando que esta posição também foi apoiada pela Liga Árabe, pela Organização de Cooperação Islâmica e pela União Africana.
 
O plano do presidente estado-unidense, Donald Trump, satisfaz os desejos de longa data de Israel, incluindo total soberania sobre a cidade de Jerusalém, o direito de anexar o Vale do Jordão e todos os colonatos na Cisjordânia ocupada e a recusa do retorno dos refugiados palestinos. Em troca, a Palestina receberia um «Estado» desmilitarizado, sem controlo das suas fronteiras, em pequenas partes descontínuas da Cisjordânia e Gaza, ligadas por uma série de estradas, pontes e túneis.

Exibindo o mapa contido no «plano de paz» dos EUA, Abbas afirmou: «Este é o Estado que eles nos vão dar. Na verdade, é como um queijo suíço. Qual de vós aceitaria um Estado semelhante e condições semelhantes?»

«Cancela todos os direitos dos palestinos. Não atende às aspirações a uma solução de dois Estados», acrescentou o dirigente palestino. Salientando que o plano legitimaria os colonatos ilegais de Israel e a anexação de terras palestinas ocupadas, Abbas afirmou: «Se impuserem a paz, ela não vai durar, não pode durar. O que vos dá o direito de anexar essas terras?»

Segundo Abbas, o plano foi rejeitado porque não traz paz ou estabilidade à região, recompensa a ocupação em vez de a responsabilizar pelos seus crimes, e os palestinos vão opor-se à sua aplicação no terreno.

O presidente da Autoridade Palestina exortou a comunidade internacional a não considerar o plano como uma referência internacional para negociações, declarando: «É um plano preventivo israelo-americano para pôr fim à questão da Palestina.»

Manifestações de apoio à posição palestina

Enquanto Mahmoud Abbas discursava em Nova Iorque, milhares de manifestantes saíam à rua em Ramala, na Cisjordânia ocupada, e em Gaza, protestando contra o «acordo do século».

Exigindo o reconhecimento internacional da Palestina com Jerusalém como sua capital, os manifestantes entoraram «A Palestina não está à venda» e «Não ao acordo do século».

Uma sondagem realizada entre os dias 5 e 8 de Fevereiro na Cisjordânia e na Faixa de Gaza pelo Centro Palestino de Pesquisas e Políticas revela que 94% dos palestinos rejeitam o «acordo do século» gizado pela administração de Donald Trump.

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