120 presos palestinos entram em greve da fome em solidariedade com três companheiros detidos administrativos

Pelo menos 120 presos palestinos encontram-se em greve da fome por tempo indeterminado para expressar a sua solidariedade com os detidos administrativos Muhammad e Mahmoud Balboul e Malek al-Qadi. 
O número de grevistas da fome mais do que duplicou desde que, na quarta-feira passada, 50 presos ligados à Fatah e à Jihad Islâmica lançaram o movimento de solidariedade nas prisões de Ofer, Negev, Nafha e Ramon. 
Segundo um comunicado publicado esta terça-feira pelo Palestinian Committee of Prisoners’ Affairs (comité palestino dos assuntos dos presos), os 120 presos exigem a libertação dos três companheiros e o fim do regime da chamada detenção administrativa, que permite a Israel manter palestinos encarcerados por períodos de seis meses indefinidamente renováveis, sem julgamento nem culpa formada. 
Por seu lado, o Departamento dos Assuntos das Negociações da OLP, num comunicado desta terça-feira, considera que «a batalha dos detidos palestinos é a batalha de todos os palestinos em toda parte» e anuncia um «Dia de Solidariedade», exortando «os palestinos no país e na diáspora a expressar a solidariedade com os nossos detidos». Além disso, apela à comunidade internacional para que intervenha e force o governo israelita «a cumprir as regras do Direito internacional e das convenções de Genebra», libertando imediata e incondicionalmente todos os detidos palestinos e pondo fim a 60 sombrios anos de ocupação militar. 
Issa Qaraqe, director do Palestinian Committee of Prisoners’ Affairs, declarou à agência turca Anadolu que as condições de saúde dos irmãos Balboul e de al-Qadi se estão a deteriorar rapidamente. Muhammad Balboul, de 25 anos, começou a recusar alimentos há 78 dias. O seu irmão Mahmoud Balboul, de 22, iniciou a greve da fome três dias depois. Muhammad Balboul é dentista e irmão Mahmoud é estudante na Universidade al-Quds. No início deste ano, a sua irmã Nuran, de 15 anos, esteve detida por Israel durante três meses. 
Malek al-Qadi, de 19 anos, agora no 67.º dia de greve da fome, encontra-se em coma. Segundo Issa Qaraqe, trata-se do grevista da fome em situação mais crítica desde 2011. Estudante de jornalismo na Universidade al-Quds, foi detido a 23 de Maio, tendo anteriormente passado quatro meses preso após ser detido em Dezembro de 2015. O seu pai, membro destacado da Brigada dos Mártires de al-Aqsa, ligada à Fatah, foi morto por tropas israelitas em 2008. 
No início deste mês, um tribunal israelita decidiu suspender «temporariamente» a detenção administrativa dos três. Contudo, eles comprometeram-se a continuar a recusar alimentos até serem permanentemente suprimidas as ordens que permitem o seu arbitrário encarceramento. Na semana passada, o Supremo Tribunal israelita, numa decisão controversa, considerou constitucional uma lei que permite a alimentação forçada de presos palestinos, contrariando requerimentos apresentados pela Associação Médica de Israel (IMA) e por diversos grupos de direitos humanos. 
Segundo números publicados em Agosto pela organização palestina Addameer (Prisoner Support and Human Rights Association), mais de 7000 palestinos estão actualmente presos em cadeias israelitas, incluindo 700 detidos administrativos. Os detidos administrativos palestinos têm recorrido sistematicamente a greves da fome por tempo indeterminado para exprimir o seu protesto contra o regime a que estão sujeitos.
 
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